Desemprego é maior no Nordeste, entre jovens e pessoas com baixa escolaridade

Com uma taxa de desemprego atualmente nos 11,1%, mesmo que ainda alta, o Brasil já navega em níveis ligeiramente melhores do que os de 2019, último ano antes de a pandemia chegar ao país. Os dados de março foram divulgados na sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A recuperação e as oportunidades, porém, não são iguais para esse contingente de 11,9 milhões de brasileiros que ainda estão à procura de um trabalho.

A abertura em detalhe dos números mostra que há uma grande desigualdade no mercado de trabalho seja entre as regiões, entre as diferentes idades ou a escolaridade de cada um.

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Entre as mulheres, por exemplo, a taxa de desemprego ainda é de 13,4%, enquanto para os homens está em 9,2%, de acordo com os dados do IBGE para o 4º trimestre de 2021, os mais recentes disponíveis.

No Nordeste, que tem a economia muito dependente dos serviços e que mais sofre em se recuperar, a taxa de desocupação é de 13,8%. É um número bem diferente do Centro-Oeste (9,5%) e do Sul (6,8%), onde ficam os principais polos agropecuários do país.

Em Santa Catarina, um dos maiores produtores de frango do país, a taxa de desemprego é de apenas 5,4%, a menor do Brasil. Nos produtores de soja e milho Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, está na faixa dos 6%.

Na Bahia, por outro lado, onde estão os piores índices, 16,5% dos trabalhadores ainda estão sem emprego.

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“A recuperação do mercado de trabalho não vem ocorrendo de forma homogênea entre os setores econômicos”, diz a corretora Genial Investimentos em relatório a clientes.

“Alguns setores (agrícola, administração pública e serviços prestados a empresas) sentiram menos os efeitos da pandemia e já apresentam mais pessoas ocupadas atualmente do que no período pré-pandemia. Porém, outros setores, principalmente ligados à prestação de serviços, foram duramente afetados e ainda não se recuperaram”, continua a análise.

Há mais tempo procurando

Outro traço do desemprego que veio com a pandemia é o tempo mais longo que as pessoas estão levando até conseguir se recolocar no mercado.

Um levantamento feito pelo economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, mostra que a proporção de trabalhadores sem emprego há mais de dois anos – justamente o tempo de duração da pandemia até aqui – nunca foi tão grande quanto agora.

No último trimestre de 2021, 30,3% dos desempregados estavam procurando trabalho há dois anos ou mais, a maior proporção desde pelo menos 2012, quando a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) começou a ser feita pelo IBGE.

“Esse é o dado mais preocupante, porque quanto mais tempo a pessoa fica sem conseguir emprego, mais difícil fica a recolocação dela”, disse Imaizumi. “E é preocupante para a economia como um todo, porque são pessoas que estão aptas a trabalhar, mas vão perdendo a produtividade.”

Mais difícil para os jovens, mais fácil para os graduados

Outro traço marcante desta crise é o alto desemprego entre os jovens, que comumente acabam prejudicados pela concorrência com os mais experientes em um cenário de oferta apertada de vagas.

De acordo com os dados do IBGE, a taxa de desocupação entre aqueles com 18 e 24 anos é de 23% e, para os adolescentes de 14 a 17, salta para 39%. Já nas faixas de 25 a 59 anos essa taxa varia de 6% a 10%.

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A boa notícia é que, conforme o mercado de trabalho se recupera, os mais novos também se beneficiam.

“Os jovens foram os que mais perderam durante a pandemia, mas agora também eles estão encontrando colocação mais rápido”, disse Maria Andréia Lameiras, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para mercado de trabalho.

“Hoje eles representam 31% do total de desocupados; em alguns momentos chegaram a ser até 34%”, acrescentou.

Na outra ponta, os profissionais com ensino superior completo formam o grupo mais blindado contra as oscilações do mercado de trabalho: a taxa de desemprego entre eles é de apenas 5,6%.

Já entre aqueles com ensino médio incompleto, o nível de desocupação salta para 18,4%.

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“Os dados recentes da Pnad são muito bons, a desocupação já voltou aos níveis pré-pandemia e mostram que as pessoas de fato estão conseguindo encontrar uma colocação”, diz Lameiras, do Ipea.

“O problema é que o contingente de desempregados em 2017 ou 2018 já era alto. A pandemia é um problema que já superamos, mas ainda temos muito a caminhar”, completou.

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