Boato de estupro causa pânico em creche de Rio Branco e funcionário é ameaçado

A reportagem esteve na creche para apurar a denúncia de um suposto estupro de uma criança de 4 anos

Um boato de estupro causou medo e pânico a funcionários e revolta de mães na manhã desta última quinta-feira (11) na creche municipal Luiz Roberto Pedron, localizada na rua Raimundo Targino, no Residencial Rosa Linda, na região do Segundo Distrito de Rio Branco.

A reportagem esteve na creche para apurar a denúncia de um suposto estupro de uma criança de 4 anos, que chegou por meio dos moradores do Residencial Rosa Linda.

A coordenadora de ensino Joelma Ricardo informou que a mãe de uma criança ligou para ela na noite da última quarta-feira (10) falando que havia recebido uma ligação de um homem que se identificou como “Fábio”. Ele disse ser o porteiro da escola e pediu que a mulher e a filha fossem até a creche, onde ele queria falar com ela, para assumir o “romance” com a filha dela, a qual ele teria estuprado inclusive no dia anterior, na terça-feira (9).

Foto: ContilNet

A mãe relatou também à coordenadora que foi à delegacia e prestou queixa contra esse suposto porteiro, e foi ao Instituto Médico Legal (IML) para realizar o exame de corpo de delito. Segundo a gestora resultado do exame descartou o suposto estupro e pediu que a mãe fosse até a escola para que a equipe tomasse ciência do caso.

Ainda segundo a coordenadora, na manhã da quinta-feira, a mãe da criança esteve com a menina na escola e mostrou a ligação que recebeu desse suposto porteiro estuprador. A coordenadora disse que pediu para a mãe indicar qual dos porteiros seria o suposto estuprador e a mãe logo apontou que seria um dos funcionários de uma empresa terceirizada que não sabia de nada sobre o assunto. Mesmo assim, passou a ser ameaçado por uma facção criminosa que domina o bairro.

Ainda segundo Joelma Ricardo, o porteiro não foi trabalhar na quinta-feira por medo, mas foi diretamente à delegacia onde se apresentou voluntariamente e disse que não tinha nada a ver com o caso. Ele ainda registrou um Boletim de Ocorrência contra a mãe da criança por injúria e difamação.

Ainda na manhã desta última quinta-feira, a Polícia Militar foi acionada e esteve na creche para entender a situação e com o oficial do dia que ouviu os relatos da mãe da criança e viu os documentos do IML, que negavam o suposto estupro. No entanto, a mãe e a avó paterna da criança ainda acusavam veementemente o porteiro. Ele, por sua vez, que não se chama Fábio, mas que continuava sendo apontado como o suposto estuprador.

Em entrevista concedida com exclusividade para a reportagem e para uma TV local, uma pedagoga informou que o caso não aconteceu, até mesmo porque a voz na ligação, que foi gravada pela mãe, não é igual a do porteiro acusado. A gestora também registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, que também cuida dos direitos dos menores, para que a Polícia Civil possa investigar o caso, mas que a partir de agora correrá em segredo de justiça, para não expôr a criança.

Foto: ContilNet

A gestora disse ainda, que os porteiros não têm acesso às crianças, e muito menos levavam elas até o banheiro, onde o suposto crime teria acontecido. Ela salientou ainda que possui câmeras na porta dos banheiros, para monitorar a entrada e saídas do local. A gestora relatou ainda que esse ambiente “banheiro infantil” só é frequentado por alunos e pelas cuidadoras e que os porteiros só ficam na parte da frente da creche, ou até a área administrativa, mesmo assim, todas as imagens serão entregues a Polícia Civil que vai investigar o caso e dar uma resposta para todos.

A reportagem presenciou também a coordenadora dando explicações aos outros pais e falando que, até o momento, não têm prova nem indícios que a criança havia sido estuprada, e se algo aconteceu, “não foi no ambiente escolar”.

A mãe da criança relatou à reportagem que o corpo de delito foi realizado no Instituto Médico Legal (IML) e o resultado mostrou que sua filha havia sido abusada nas partes íntimas com as mãos, não havendo a conjunção carnal. A mãe também afirmou que a voz do homem que dizia se chamar Fabio na ligação não é a mesma do porteiro da escola, nem o nome do porteiro que ela estava acusando.

“Fui até escola, falei com a direção e a coordenadora pedagógica e escutei a voz do porteiro e realmente não é voz do estuprador que me ligou e se identificou como Fábio, o nome do porteiro também não é Fábio. Só sei que minha filha foi abusada, e ao mostrar uma foto 3×4 do porteiro, minha filha disse ser ele o autor do crime, mas a voz que me ligou não bate com a voz do porteiro. Creio que existe uma terceira pessoa querendo acusar o porteiro. Não tive acesso aos vídeos da escola, me disseram que a Polícia Civil vai investigar e ter acesso aos vídeos e os horários para saber se realmente o porteiro é inocente. Só sei que estou junto com minha filha e acredito nela, quero que a justiça seja feita”, concluiu a mãe.

Ainda segundo a equipe da creche, a única pessoa que acusava todo momento o porteiro era avó da criança, que se mostrava muito revoltada e a todo instante culpava a creche também pelo que havia acontecido.

A reportagem ainda apurou que o porteiro foi ameaçado de morte por uma facção criminosa que domina o bairro, inclusive, membros da organização teriam ido até a residência dele para conversar com ele.

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