O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) anunciou nesta quinta (3) Abu Hafs al-Hashimi al-Quraishi como seu novo líder, três meses após a Turquia divulgar a morte do antecessor, Abu Hussein al-Qurashi.
“Esse indivíduo foi neutralizado como parte de uma operação de inteligência nacional turca na Síria“, afirmou em abril o líder turco, Recep Tayyip Erdogan, contrariando a versão agora divulgada pelo EI.
Segundo o porta-voz do EI, al-Qurashi teria morrido após um confronto com a facção Hayat Tahrir al-Sham, ex-braço local da Al Qaeda, que tentava capturá-lo em uma cidade na província síria de Idlib.
Diferentemente das divergências em relação às circunstâncias da morte, a região em que ela teria ocorrido é parecida em ambas as versões. Em abril, os serviços de inteligência turcos e a polícia militar local, apoiada por Ancara, cercaram uma área perto de Jindires, no noroeste do país —assim como Idlib.
Moradores questionados pela agência de notícias AFP indicaram que uma operação contra uma fazenda abandonada que serviu no passado como uma escola islâmica foi de fato realizada ali.
O anúncio de Erdogan aconteceu pouco antes das mais disputadas eleições presidenciais na Turquia desde sua chegada ao poder, há 20 anos. Pesquisas apontavam Kemal Kilicdaroglu, líder do maior partido de oposição, com ligeira vantagem na corrida. Na época, o presidente era criticado pela resposta aos terremotos que atingiram o país e a Síria em fevereiro, com mais de 50 mil mortes. Ele, porém, reelegeu-se.
Abu Hafs, novo líder do grupo, é o quarto em dois anos. Em fevereiro de 2022, Abu Ibrahim al-Hashimi al-Quraishi detonou o cinto explosivo que levava junto ao corpo durante uma operação dos EUA na Síria. Nove meses depois, em novembro, Abu al-Hassan al-Hashemi al-Quraishi, foi morto em combate.
Nascido no Iraque, Hashemi era irmão do ex-califa do EI Abu Bakr al-Baghdadi, morto em 2019, e se juntou ao terrorismo após a ação dos EUA que levou à queda do ditador iraquiano Saddam Hussein em 2003.
O EI emergiu do caos da guerra civil na Síria na última década e assumiu vastas áreas do país e do Iraque em 2014. De uma mesquita na cidade iraquiana de Mossul, Baghdadi declarou um califado islâmico naquele ano e se proclamou califa de todos muçulmanos. Após um boom em 2014, o grupo terrorista foi derrotado por sucessivas ofensivas lançadas por uma coalizão internacional liderada pelos EUA.
O regime brutal, que matou e executou milhares de pessoas em nome de sua interpretação radical do islã, chegou ao fim em Mossul quando forças iraquianas e internacionais derrotaram o grupo em 2017. Nos últimos anos, os militantes remanescentes vivem escondidos, mas ainda são capazes de realizar ataques.