Por Rosana Nascimento
Dirijo-me aqui aos professores, funcionários de escola e aos diversos trabalhadores de outras áreas – expectadores que, como eu, têm a capacidade de se revoltar contra a subserviência civil ao reinado da tortura psicológica. Faço um alerta aos colegas da Educação, o setor mais afetado por um câncer maligno instituído em nosso meio. Alguns dos novos diretores de escola já estão armados até os dentes para desmobilizar qualquer ação do Sinteac deliberada pelos trabalhadores – principalmente se for a greve. Precisamos resistir.
Por ordens superiores, todo o mal que fizeram à nossa categoria em 2015 se repetirá – o corte do ponto, a retirada da dobra, a supressão das aulas complementares, a demissão e até a dispensa dos contratados provisoriamente. Não nos cabe comentar crise financeira, suas razões ou motivações, uma vez que a responsabilidade orçamentária é do Estado, sendo sua obrigação repor as perdas dos servidores que há sete anos (caso dos funcionários de escola) vivem com uma remuneração miserável de R$ 672,00. Nosso papel é cobrar a pauta da categoria, independente de quem seja o patrão, independente se tem crise ou não.
Quero compartilhar com os leitores o que ouvi de um diretor de escola, na última sexta-feira. Disse ele que somente os gestores escolares recém-eleitos teriam o poder de decidir sobre greve nesse estado. Ora, eu acredito nisso também, afinal a grande maioria desses gestores chantageia, ameaça, intimida o trabalhador, imputando-lhe a penalidade que todos já conhecem.
E aqui, nesse espaço, peço que os funcionários da educação não permitam esse tipo de postura em sua escola. Gestão democrática não é isso nem para isso. A gestão que queremos é a que respeita autonomia e democracia.
Não admitam que lhes cassem os seus direitos. Esse tipo de gente envergonha a nossa categoria. Eles prejudicam as nossas famílias quando se negam a defender nossos direitos e impedem que o ambiente escolar cresça em harmonia. Grave os assédios morais. Denuncie gestor de escola perseguidor e subserviente. Busque a imprensa livre. O nosso sindicato está à disposição. Procure-nos diante de qualquer ameaça.
Perdi as contas de quantas reuniões foram chamadas pelo governo para negociar melhorias aos nossos profissionais. Enrolação e resistência se somam nesse meio nebuloso, onde um rema para um lado e três dizem amém a tudo que o governo quer. Vocês sabem de quem estou falando, ou seja, Codep, Simproacre e Sintae.
Dói constatar que, no Acre, nesses últimos 20 anos, o ensino público definhou na qualidade e no incentivo a todos os atores responsáveis pela formação de nossos filhos e netos. Aluno desmotivado, meus amigos, é o primeiro sintoma de um sistema que não tem compromisso com a qualidade da educação, com o professor-educador, com a merendeira, com o vigia de escola. O governo do PT abomina a idéia de ensinar o pensamento crítico.
Os dias passam e a relação com aqueles que, de fato, fazem a máquina funcionar, os trabalhadores, avança para um futuro incerto, de conseqüências sombrias. Este governo continua cada vez mais pedante, perseguidor, autoritário. Aposta no que é errado, ilegal, imoral para fazer crer que tem poder de fato e pode tudo. Loteia o que não é seu (a máquina pública), apostando na miséria de uns e no comodismo de outros que se acovardam num cargo arranjado e ajudam a estabelecer em nosso meio esta nuvem tão tenebrosa, aterradora.
A tirania causa medo, aterroriza. Quem nasce e morre não testemunha o “novo”, o “inovador”, as “boas mudanças” que fariam do nosso pedacinho de chão um “o melhor lugar para se viver”.
Em seus palácios e gabinetes, um partido que se diz “dos Trabalhadores” orquestra ciladas, rasteiras, agrupa aliados de caráter duvidoso, se afasta do povo, nega o direito à cidadania plena. Obriga grupos comprados com alguns vinténs para defender-lhes, ainda que seja notório o mau-caratismo de quem, sem pudor, se permite corromper.
Usam chefetes para obrigar os servidores a balançarem bandeiras, fazer quórum nas passeatas, recepcionar corrupto em aeroporto e bater palma para líder do caixa dois. Estamos ameaçados. O povo do Acre está anestesiado, paralisado, manipulado.
Educação é aquilo que a maior parte das pessoas recebe, muitos transmitem e poucos possuem. Quem acha que educar custa caro, não conhece o preço da ignorância.
*Rosana Nascimento é professora, presidente do Sinteac e presidente da CUT