Mesmo depois de serem massacrados nas urnas nas eleições deste ano, quando o até mesmo cacique-mor da legenda, o senador Jorge Viana, não logrou sucesso para se reeleger ao Senado, os dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT) no Acre parecem não querer entender que os tempos mudaram e que a arrogância e o desprezo com que eles tratavam seus aliados não mais têm nenhum sentido.
Isso ficou evidente na entrevista concedida nesta semana pelo presidente do partido, André Kamai, que de forma sutil afirmou que quem quiser sair da Frente Popular do Acre (FPA), coalizão de partidos comandados a mão-de-ferro pelo PT durante mais de 20 anos, não será chamado de traidor.
Com essa afirmativa, Kamai deu a entender que o partido que dirige pretende continuar comandando a coalizão nos próximos anos, sem sequer fazer uma avaliação do resultado que deixou o PT com apenas dois deputados estaduais, sem o Governo do Estado e nenhum senador da República originário do Acre.
Mesmo dizendo que não há necessidade de apontar culpados pela derrota acachapante de seu partido no estado, Kamai se contradiz ao afirmar que alguns partidos que orbitavam em volta do PT não estavam “aliançados” com o projeto da FPA e, sim, com o governo, querendo dizer que estes estavam preocupados apenas com seus interesses pessoais.
A entrevista do dirigente petista repercutiu entre alguns partidos da coalizão de forças, que mesmo sem querer entrar em polêmica, afirmaram que Kamai deveria ter sido mais claro e apontado quais seriam os “aliançados” com o poder. “Deveria ter citado nomes”, rebateu um dirigente.