O governador Gladson Cameli e assessores já estão no Departamento de Caquetá, estado da Florência, na Colômbia. A cidade está localizada na confluência andino-amazônica no sudeste da Colômbia. Ali, até o próximo dia 3 de maio, o governador e sua equipe participam de debates sobre o clima e o meio ambiente. É a primeira viagem internacional de Gladson Cameli como governador.
Participam da viagem, além da primeira-dama Ana Paula Cameli, a secretária de Estado de Comunicação, Silvania Pinheiro, a porta-voz do governo Mirla Miranda, os chefes do gabinete civil e militar, respectivamente, Ribamar Trindade e Coronel Amarildo, além dos secretário Israel Milani, do Meio Ambiente, e o professor Carlito Cavalcante, presidente do Instituto de Mudanças Cimáticas (IMC) do Acre. Já no primeiro dia do evento, a primeira-dama Ana Paula participa, no Hotel Caquetá Real, numa reunião prevista para durar quatro horas, de debates sobre as melhores práticas em colaboração entre governos subnacionais, povos indígenas e comunidades locais. A ideia do evento, segundo os organizadores, é conhecer experiências de diálogos entre povos indígenas e governos estaduais da Amazônia.
O encontro na Colômbia faz parte da reunião anual da força tarefa de governadores para o clima e florestas (GCF Task Force 2019), que visa discutir novas fronteiras em governança florestal, sob o tema “promovendo investimentos, protegendo a biodiversidade e melhorando os meios substanciais”. Trata-se, na verdade, de uma força tarefa de governadores de estados e províncias de dez países, entre eles o Brasil, uma força subnacional criada em 2008, com o Acre como um de seus signatários e fundadores, visando fornecer cooperação em inúmeros assuntos relacionados a política climática, financiamento, troca de tecnologia e pesquisa.
Fazem parte, além do Brasil, Colômbia, Costa do Marfim, Equador, Espanha, Estados Unidos, Indonésia, México, Nigéria e Peru, com o objetivo de trabalharem agendas que visam construir programas jurisdicionais que integrem políticas de REDD+ a outras ações que reduzam as emissões de gases causadores do efeito estufa. O REDD significa Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal ou, em inglês, Reducing Emissions from Deforestation and Forest Degradation, que é um conjunto de incentivos econômicos cuja finalidade é reduzir as emissões de gases de efeito estufa resultantes do desmatamento e da degradação florestal – mudanças que prejudicam a floresta e limitam seus serviços ambientais. O conceito parte da ideia de incluir na contabilidade das emissões de gases de efeito estufa aquelas que são evitadas pela redução do desmatamento e a degradação florestal.
A primeira versão do que viria ser o REDD resultou de uma parceria entre pesquisadores brasileiros e americanos, numa proposta conhecida como “Redução Compensada de Emissões”, que foi apresentada durante a COP-9, em Milão, Itália, em 2003. Pelo documento, os países em desenvolvimento detentores de florestas tropicais que conseguissem promover reduções das suas emissões nacionais oriundas de desmatamento receberiam compensação financeira internacional correspondente às emissões evitadas. O conceito de redução compensada tornou-se a base da discussão de REDD nos anos seguintes.
Sobre Caquetá
O departamento de Caqueta está localizado na confluência andino-amazônica no sudeste da Colômbia. Sua situação geográfica e sua história de colonização influenciaram não só o seu desenvolvimento socioeconômico, mas também o forte desmatamento de sua floresta tropical nos últimos anos. Caquetá existe há 36 anos como uma entidade departamental e, por essa razão, sua gestão pública tem enfrentado grandes desafios, como a falta de experiência de seus líderes, a alta informalidade de sua economia e um baixo nível de receita pública necessário para realizar investimentos para o seu desenvolvimento. Também enfrentou grandes desafios com o uso da terra, como a expansão de cultivos ilícitos (coca), a mineração ilegal de ouro, o conflito armado com as FARC, a expansão da pecuária extensiva e a extração de madeira. Esses desafios impediram o crescimento e limitaram a consolidação de estruturas institucionais na região.
Segundo o Instituto de Hidrologia, Meteorologia e Estudos Ambientais (Ideam), em 2017 foram desflorados 219.973 hectares de árvores, sendo 65,5% dos que ocorrem na Amazônia. Este novo valor representa um aumento de 23% em relação a 2016, quando foram convertidos 179.000 hectares de florestas. 81% do desmatamento nacional ocorre em apenas seis departamentos (Caquetá, Guaviare, Meta, Antioquia, Putumayo e Chocó). Na região amazônica, a área desmatada dobrou, destruindo 144.147 hectares de floresta.
Quase metade (49,1%) da perda florestal do país está concentrada em apenas sete municípios da Amazônia. Todos mostraram um aumento de mais de 100% na área desmatada em relação ao que foi detectado em 2016. Em termos gerais, até 2017, 723 municípios registraram pelo menos 1 hectare desmatado. Vicente del Caguán (26.632 ha), Cartagena del Chairá (22.591 ha) e Solano (6.890 ha) foram os mais afetados.
No entanto, as transformações pelas quais o país passou nos últimos anos, especialmente os compromissos assumidos em cenários internacionais contra a conservação da biodiversidade, a luta contra as mudanças climáticas e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e a assinatura dos Acordos de Paz com as FARC influenciou políticas públicas regionais e o interesse de vários atores para contribuir com as mudanças requeridas pela região para reorientar seu desenvolvimento. Como resultado, inúmeras iniciativas surgiram, lideradas por diferentes atores, locais e nacionais e internacionais, com objetivos diversos, mas complementares, que, embora não constituam uma estratégia de desenvolvimento com baixas emissões, contribuem para os seus objetivos e são exercícios que já estão orientando os objetivos. região na direção certa.(GCF)