Câmeras fotográficas instaladas em floresta de Xapuri registram animais raros

Parceria entre o WWF-Brasil, Organização Não Governamental Internacional de conservação para a natureza, e a Associação de Moradores da Reserva Chico Mendes e outras entidades, em Xapuri, interior do Avre, acaba de revelar que a biodiversidade da Amazônia é muito maior do que se pode imaginar. Armadilhas fotográficas instaladas em árvores dentro da maior floresta tropical do planeta, a Amazonia, o habitat natural de milhares de espécies da fauna e da flora, algumas ainda desconhecidas dos cientistas, e outras muito raras, acabam de mostrar bichos que poucas vezes o homem teve a chance de conhecer e tampouco de registrá-los.

Espécies foram fotografadas em Xapuri/Foto: cedida

A ideia das organizações é um projeto de monitoramento em busca de maior conhecimento de algumas espécies de animais e assim conseguir meios de garantir sua preservação e continuidade, através de estudos sobre o comportamento desses bichos. As Armadilhas fotográficas instaladas com ajuda dos moradores da floresta permitiram uma série de vídeos educativos em que mostram o aparecimento extraordinários de habitantes da Amazônia come informações e curiosidades sobre eles.

No mais recente vídeo, o terceiro da série divulgado até agora, são flagrados dois canídeos raros: o cachorro-vinagre (Speothos venaticus) e seu parente, o cachorro-do-mato-de-orelha-curta (Atelocynus microtis).

Trata-se de espécie exclusiva da Amazônia o cachorro-do-mato-de-orelha-curta, também chamado de raposinha. É um animal cuja maior característica é viver de forma solitária, apesar de existirem registros de casais caçando juntos. Já o cachorro-vinagre é o único canídeo brasileiro que vive e caça cooperativamente.

As duas espécies são classificadas como vulneráveis pela Lista Vermelha Fauna Brasileira, e “quase ameaçadas” pela União Internacional pela Conservação da Natureza (UICN). “O monitoramento é importante para revelar informações sobre as espécies, mas, principalmente, para mostrar o impacto da ação humana na vida da floresta”, explica Felipe Spina, biólogo e analista de conservação do WWF-Brasil, que participa do projeto. Segundo ele, a perda e a degradação do habitat natural causadas pelo desmatamento e o aumento de obras de infraestrutura, como estradas e hidrelétricas, são algumas das principais ameaças à sobrevivência dessas espécies. “Outros fatores como atropelamento também causam muita pressão sobre os animais silvestres. E no caso específico desses cachorros silvestres, eles também podem contrair doenças transmitidas por cães domésticos que adentram a floresta”.

Projeto está instalado em reserva de Xapuri/Foto: Reprodução

A série “Moradores da Floresta”, a partir das Armdilhas Fotográficas, terá dez episódios no total, que serão lançados mensalmente, segudo o WWF Brasil. Em vídeos anteriores foram revelados os registros de uma pacarana (Dinomys branickii), espécie rara e pouco conhecida da ciência a anta como o maior mamífero da América do Sul.

De acordo comnos organizadores, atualmente há 20 armadilhas fotográficas em operação na Resex Chico Mendes. Escondidas e amarradas em árvores, funcionam com sensores de luz. Toda vez que um animal passa pela frente do equipamento, a câmera dispara automaticamente e tira uma foto ou inicia uma gravação audiovisual. Como utilizam infravermelho, mesmo durante à noite, não necessitam de luz adicional, por isso não perturbam a vida na floresta.

As primeiras armadilhas foram instaladas no local em 2017 e desde então foram feitos mais de dois mil registros e fotografadas 30 espécies diferentes de animais. O trabalho de monitoramento é uma parceria entre WWF-Brasil, Cooperativa dos Produtores Florestais Comunitários (Cooperfloresta) e Associação de Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes em Xapuri (Amoprex), com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do conselho gestor da Resex Chico Mendes.

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