Rendimento da poupança supera o de fundos com taxa de administração acima de 0,5%

A decisão do Banco Central, nesta quarta-feira (28), de manter em 2% a taxa básica de juros (Selic) da continuidade também à pressão para diversificar as aplicações financeiras, especialmente no caso dos investidores mais conservadores.

De acordo com levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), se um fundo de renda fixa tiver taxa de administração superior a 0,5% ao ano, seu rendimento será menor o que o da caderneta de poupança.

Com os juros a 2% ao ano, a caderneta rende, mensalmente, 0,12%. A regra vigente estabelece, para a poupança, remuneração de 70% da Selic. Além disso, aplicação é isenta de Imposto de Renda (IR).

Já no caso de um fundo cuja taxa de administração seja de 0,5% ao ano, considerando que o dinheiro fique investido entre seis meses e um ano, a rentabilidade líquida será de apenas 0,08%.

Em termos práticos, caso um investidor aplique R$ 10 mil na caderneta e deixe a quantia durante um ano, considerando os juros estáveis em 2% neste intervalo de tempo, o retorno será de R$ 140. A mesma quantia, agora aplicada em um fundo com taxa de 0,5% ao ano, dará retorno de R$ 109.

Esse ganho cai em proporção inversa ao aumento da taxa de administração. No caso de fundos com taxa de 2% ao ano, para um investimento de R$ 10 mil, o retorno em 12 meses será de apenas R$ 48.

Dentro dos fundos de renda fixa, as taxas para os investidores com menor capital tendem a ser mais altas, comprometendo seus rendimentos.

Estratégia da caderneta

De acordo com consolidado histórico da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em fundos com investimento mínimo entre R$ 1 e R$ 1 mil, a taxa de administração média é de 1,11%.

Quando o valor mínimo fica entre R$ 1 mil e R$ 25 mil, o percentual é de 1,02%. Somente aqueles com aplicação inicial de R$ 100 mil têm uma taxa mais competitiva, de 0,48% ao ano.

— A poupança, para o pequeno investidor, é a opção mais simples e à mão, por ser isenta de taxas. Porém, outra oportunidade é o Tesouro Selic, especialmente depois que a B3 e o Tesouro zeraram a taxa de custódia para investimentos de até R$ 10 mil — diz Virginia Prestes, professora de Finanças da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap).

Entretanto, a professora pondera que, após o susto da renda fixa com rentabilidade negativa no mês passado, alguns investidores podem se sentir receosos com títulos públicos:

— A volatilidade fora do comum do Tesouro Selic afugenta o pequeno poupador ou o ultraconservador. Então, dependendo do prazo para utilização, se for inferior a seis meses, os recursos podem ser deixados na caderneta.

Virginia sugere que o investidor busque alternativas dentro da própria renda fixa, como CDBs de bancos menores, que tendem a oferecer melhores retornos:

— A poupança também pode ser usada como um espaço para guardar a quantia até que se atinja o necessário para aplicar em um produto que exija uma aplicação inicial maior. Com os juros a 2%, é importante um pouco de sofisticação na carteira para ganhar um pouco mais do que apenas a rentabilidade mínima. [Capa: Bloomberg]

Simulações de investimentos

Aplicação financeira de R$ 10 mil pelo prazo de 12 meses (considerando aqui a Selic estável em 2% ao ano):

  • Poupança antiga: rendimento de R$ 617 (6,17% ao ano), totalizando R$ 10.617
  • Poupança nova: rendimento de R$ 140 (1,40% ao ano), totalizando R$ 10.140
  • Fundo com taxa de 0,5% ao ano: rendimento de R$ 109 (1,09% ao ano), totalizando R$ 10.109
  • Fundo com taxa de 1% ao ano: rendimento de R$ 84 (0,84% ao ano), totalizando R$ 10.084
  • Fundo com taxa de 1,5% ao ano: rendimento de R$ 72 (0,72% ao ano), totalizando R$ 10.072
  • Fundo com taxa de 2% ao ano: rendimento de R$ 48 (0,48% ao ano), totalizando R$ R$ 10.048
  • Fundo com taxa de 3% ao ano: rendimento de R$ 12 (0,12% ao ano), totalizando R$ 10.012

Fonte: Anefac

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