Diretoria do Santos acusa Peres de usar cartão do clube em contas pessoais

O comitê de gestão do Santos protocolou na última terça-feira (17), no conselho deliberativo do clube, uma representação contra o presidente afastado, José Carlos Peres.

No ofício, ao qual a Folha de S.Paulo teve acesso, estão pedidos de investigação sobre o uso de uma “caixinha” a que funcionários ligados ao dirigente teriam direito, assim como o uso do cartão corporativo.

Ele foi retirado do cargo no final de setembro, acusado de má gestão, após votação de conselheiros. Ele disse ter confiança de que reverteria a situação na Justiça, o que ainda não aconteceu.

O afastamento tem o prazo de 60 dias, período em que a decisão deve ser aprovada ou não em assembleia de sócios. Ela está marcada para o próximo domingo (22).

Se os associados forem contra a saída, Peres será reconduzido ao cargo até 31 de dezembro, quando acontece a próxima eleição presidencial no Santos.

Em 2018, o cartola já havia sido afastado pelo conselho, mas voltou ao cargo após os sócios rechaçarem essa decisão.

Anexado ao pedido protocolado pela atual diretoria no conselho está um documento emitido pelo comitê fiscal em junho deste ano, quando Peres ainda estava no cargo.

Nele, o presidente do órgão, Norberto Moreira da Silva, solicita a apresentação de notas fiscais que justifiquem gastos de R$ 159.518,68 por parte do presidente, seu motorista e segurança.

Em depoimento registrado em ata notarial de 13 de novembro, o motorista do clube que ficava à disposição de Peres, Renan Félix, afirma que o departamento financeiro lhe dava um valor que variava de R$ 500 a R$ 1.000 todos os dias para despesas diversas.

De acordo com ele, a “caixinha” já existia em gestões anteriores. Segundo o depoimento, questionado sobre a possibilidade de ter de usar o valor para gastos pessoais do dirigente afastado, “o sr. Renan respondeu que por algumas vezes o dinheiro da caixinha foi utilizado para comprar produtos e pagar contas de ordem pessoal do presidente Peres”.

Félix também afirmou que o cartola viajou a Campos do Jordão em uma BMW de uso do clube e usou o dinheiro das despesas diárias para pagar o jantar de toda a família. Ele não revela a data em que isso teria acontecido.

O motorista disse ainda no depoimento que Peres justificou o expediente dizendo não receber salário do clube e que, por isso, teria direito de usar esse dinheiro para seus gastos pessoais.

Desde o afastamento do presidente, o Santos tem sido comandado por Orlando Rollo, eleito como vice e rachado com Peres desde o segundo mês de gestão.

A decisão de enviar a documentação ao conselho passou por um comitê de transição, que tem um representante de cada uma das oito chapas registradas que pretendem concorrer ao pleito de dezembro.

No relatório dos gastos com cartão corporativo estão, de 2018 a 2020, R$ 54.142,22 usados para alimentação. Desse total, R$ 41.697,69 em churrascarias.

A gestão de Rollo separou os itens das faturas por tipos de custos. De acordo com a planilha apresentada ao conselho, há compras de R$ 4.783,75 em lojas de roupas femininas, R$ 4.099 pela internet e R$ 275 sob a rubrica “igreja”, entre outros gastos.

A diretoria do Santos afirma que em 18 de dezembro de 2018 foram gastos R$ 2.128,26 em lojas do Shopping Bourbon, na zona oeste da capital paulista, especializadas em brinquedos, sapatos, empório de bebidas e vestuário infantil e feminino.

Foram gastos no mesmo local R$ 1.527,96 em 31 de dezembro. “Nota-se que é véspera de Ano-Novo e data em que não houve expediente no clube”, diz o relatório.

Foi identificada, no dia 24 de janeiro de 2019, uma compra em loja de roupas de gala. Dois dias depois, gastos em salão de beleza feminino. Os dois itens somaram R$ 2.952.

No dia 26 de janeiro é realizado anualmente o Baile Oficial da Cidade de Santos, que comemora aniversário nessa data.

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