A trajetória de modificação corporal do tatuador e body piercer Orc Infernall, 41, começou há seis anos quando decidiu realizar uma série de procedimentos e, mais recentemente, com a decisão de adotar a aparência de um ‘orc’.
O personagem imortalizado na literatura britânica e alemã foi popularizado em jogos de RPG, games e filmes como “The Elder Scrolls” e “World of Warcraft”, sendo caracterizado como uma mistura de ser humano e criatura mitológica.
Em entrevista ao UOL, Orc relata que a ideia de encarnar o personagem começou há seis meses e o processo exige estudo e dedicação.
“É uma construção conceitual e a mais recente foi o implante de presas fixas. Contei com apoio de uma excelente profissional e o resultado me deixou muito satisfeito, tanto que pretendo colocar mais. Outro procedimento que está em andamento é a pintura do corpo, que vou cobrir totalmente com a cor preta. Essa mudança é mais demorada e dolorosa, por isso estou realizando em etapas”, explica.
Ao todo, são oito implantes subdermais, língua bifurcada, retirada parcial das orelhas e nariz, pintura do olho, duas queimaduras com ferro, seis cortes com bisturi, pintura total da pele (em andamento) e implante fixo de duas presas.
No entanto, a visibilidade chegou com entrevistas concedida em vários estados brasileiros e países como França, República Tcheca, Indonésia, Cuba e Colômbia, além das publicações feitas no Instagram.
“Recebemos vários convites e só não viajamos este ano em razão da pandemia. Nossa agenda está lotada em 2021, com compromissos em países da Europa, Ásia e América Latina”.
Por motivos pessoais, o tatuador e a mulher preferem não revelar o nome e pediram para ser chamados pelos personagens que adotaram.
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O outro lado da fama Questionado sobre o impacto de sua aparência, Orc conta que no começo as pessoas achavam interessante e ficavam curiosas.
Contudo, conforme as modificações ficaram mais visíveis, chegou a sofrer ameaças de morte por mensagens postadas nas redes sociais.
“Eu ficava preocupado e chateado por minha família, pois repudio esse tipo de violência. Sou uma pessoa muito tranquila e respeito a todos, e decidi que não iria absorver esse tipo de energia. Pelo contrário, estou muito feliz com esse momento da minha vida e quero aproveitar junto com minha esposa e nossa filha, de seis anos”, observa.
O tatuador defende que as pessoas deveriam se preocupar com as próprias vidas e buscar a felicidade pessoal em vez de destilarem amargura e agressividade.
“Acredito que estar bem consigo é o que importa, livre de padrões de beleza impostos pela mídia e redes sociais. Se pudesse dar um conselho, diria que as pessoas deveriam se amar e ler mais”, comenta.
Parceira da vida
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A esposa de Orc também se apaixonou pelo universo de tatuagem e modificações corporais ainda na adolescência.
Atualmente com 28 anos, a Mulher-morcego conta que tinha 15 anos quando fez a primeira tattoo.
“Por falta de acesso e por ser menor de idade, tive que ser paciente para colocar em prática o que sempre desejei. Quando me perguntam como cheguei na imagem que tenho hoje, eu respondo que idealizava em pensamentos e agora tenho prazer em externar as modificações que sempre quis”, argumenta.
A Mulher-morcego conta que todos os procedimentos foram feitos por Orc, entre eles, implante subdermal, eyeball, retirada parcial da orelha e várias tatuagens.
Em contrapartida, ela também foi responsável por vários procedimentos feitos pelo companheiro.
“Me apaixonei pela modificação corporal e tenho me preparado muito, pois é uma profissão que precisa ser levada a sério. Essa é nossa vida e não me vejo fazendo outra coisa”, ressalta.
Sobre o preconceito sofrido, a tatuadora diz que superou, mas, que no começo era doloroso e invasivo.
“É incrível como muitas pessoas se incomodam com nossa aparência. Antes eram piadas, olhares e outras vezes xingamento e afrontas de pessoas desconhecidas. No passado, me incomodava e cheguei a ficar triste, porém, decidi enfrentar e não me abalo mais”.
O casal deixa uma mensagem para as pessoas que desejam realizar tatuagens ou modificações corporais, mas que ainda têm receio:
“Não tenha medo dos olhares e do que vão falar. Seja feliz e não se importe, a vida é muito curta para se privar do que deseja em função de opiniões alheias.”.