Enfermeiro abraça paciente com Down para dar oxigênio no AM: ‘Tranquilizou’

O abraço de um enfermeiro a um paciente portador de Síndrome de Down com covid-19 comoveu pacientes e funcionários do hospital de campanha na cidade de Caapiranga, no interior do Amazonas.

Ao ver o desespero do paciente Émerson Júnior, 30, que temia o uso da máscara com oxigênio, o enfermeiro Raimundo Nogueira Matos, 38, chegou próximo para ganhar confiança e, abraçados, conseguiram fazer o procedimento.

“Como o paciente é especial, ele não entende a importância do tratamento. No caso, a gente precisava ofertar a oxigenioterapia pra ele com a máscara, com aquele reservatório; e ele estava muito ansioso. Então ele me abraçou, e eu consegui tranquilizar ele, chegar mais próximo”, explicou o enfermeiro ao UOL.

Segundo ele, o procedimento ocorreu na manhã de ontem (23), e o paciente reagiu bem após o abraço. “A gente deu o melhor que poderia ali. Ele agora [ontem à tarde] está estável, dentro das suas limitações”, explica.

O enfermeiro conta que sempre tem muito cuidado para evitar uma contaminação, mas nesse momento precisou esquecer que havia risco para dar assistência.

 

O abraço comoveu pacientes e funcionários do hospital de campanha na cidade de Caapiranga, no interior do Amazonas - Mirene Borges Da Silva - Mirene Borges Da Silva

O abraço comoveu pacientes e funcionários do hospital de campanha na cidade de Caapiranga, no interior do Amazonas Imagem: Mirene Borges Da Silva

 

“Em oito meses na linha de frente, nunca tinha passado por essa situação. Enfermeiros visam muito a biossegurança. Para mim, é importantíssimo fazer os usos dos EPIs [equipamentos de proteção individual] corretamente. Eu sei o risco que às vezes eu posso correr. Mas como ele é um paciente especial, precisava de muito carinho”, relata.

Cena comoveu

A foto dos dois abraçados foi feita pela paciente Mirene Borges Da Silva, 38, que é operadora de máquina e estava no hospital de campanha também com covid-19.

“Ele estava tão debilitado, sofrendo naquela hora de agonia. Por falta de ar, ele precisava do procedimento. Mas ele estava de sonda, e doía o nariz dele”, conta.

“Então, o enfermeiro pediu para abraçar o Júnior, dizendo que ele ia ficar bem. Aí o enfermeiro abraçou, e ele ficou ali quietinho. Achei a cena tão linda, foi um anjo que estava naquele momento e que fez com que aquela agonia que ele sentisse passasse. Foi uma coisa tão maravilhosa, e a foto reflete isso. Foi um aconchego de Deus naquele abraço”, diz.

Emerson Júnior já havia sido internado outras vezes, mas nunca com algo grave. Quem acompanha ele no hospital é a irmã Eliane Ferreira Loureiro, 45. “Ele já foi internado outras vezes, mas com problema de saúde pequeno, tipo uma febre alta, uma gripe, coisa rotineira mesmo, do dia a dia. Grave mesmo é a primeira vez”, diz.

Ela conta ainda que o paciente é muito amoroso e está muito fragilizado com a situação. “Ele está sempre precisando de atenção, quer sempre alguém tocando na mão, fazendo carinho”, completa.

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