A mulher do capitão do Corpo de Bombeiros do Rio João Maurício Correia Passos, preso por atropelar e matar um ciclista na manhã desta segunda-feira (11), afirmou à polícia ter ficado paraplégica depois de um acidente de trânsito causado pelo marido. Segundo ela, na ocasião o oficial estava alcoolizado.
Em depoimento no dia 5 deste mês, obtido pela GloboNews, a mulher afirmou que era agredida frequentemente dentro de casa. Inclusive, o caso mais recente teria ocorrido no mesmo dia da denúncia. A vítima contou que tem dois filhos e é casada com o oficial há 14 anos.
Segundo a mulher, naquele dia, pela manhã, ela estava em casa quando o marido chegou bêbado e com os olhos vermelhos, e em seguida começou a agredir verbalmente.
A mulher afirmou que o oficial disse que “queria arranjar uma mulher de verdade, que ela não era mulher pra ele” porque estava em uma cadeira de rodas. Ela acrescentou que o bombeiro a xingou e disse que ela precisava morrer.
A mulher contou ter ligado para a polícia e que o marido tentou estrangulá-la quando descobriu a denúncia. As agressões, afirmou, só pararam quando policiais militares bateram na porta da casa dela.
O oficial acabou preso em flagrante por agressão doméstica, mas deixou a prisão no dia segunite, após passar por audiência de custódia. Também na sessão, a Justiça determinou algumas medidas protetivas, como a proibição de que o bombeiro se aproximasse da mulher.
Indiciado por atropelamento
Na tarde desta segunda-feira, a 42ª DP (Recreio) indiciou o oficial dos Bombeiros por homicídio com dolo eventual (assumindo o risco de matar), fuga do local e embriaguez ao volante.
O atropelamento aconteceu no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, por volta das 4h35. O ciclista Cláudio Leite da Silva, de 57 anos, morreu na hora.
A polícia analisou vídeos gravados em um posto de gasolina, onde o capitão parou e bebeu antes do acidente. Em um deles, gravado por câmeras de segurança, Passos aparece comprando cerveja na loja de conveniência.
Em outro momento, ele conversa com um homem e dança, aparentemente alcoolizado. A imagem mostra ele com duas garrafas de bebida – uma de vodca e outra de uísque – e um copo, que ele enche com a vodca e, em seguida, bebe.
Segundo os investigadores, a cena foi cerca de uma hora antes do atropelamento.
Após o acidente, o carro ficou com a lataria destruída. Dentro, a polícia encontrou uma garrafa de uísque.
O capitão foi levado ao Instituto Médico Legal e fez exame de alcoolemia. Se for comprovado que estava bêbado, o oficial pode ser condenado a até 23 anos de prisão.