O médico infectologista Thor Dantas foi convidado pelo deputado e também médico, Jenilson Leite (PSB), a participar de uma sessão extraordinária na Assembleia Legislativa do Acre para falar sobre a situação da pandemia da covid-19 em Rio Branco.
O infectologista, que integra o Comitê Covid-19, disse que o cenário é muito preocupante. “A segunda onda parece que vem com um número de casos maior do que a primeira onda e a gente sabe que o limite de expansão do sistema de saúde pode ser feito, mas pode ser que chegue um momento que isso não seja mais possível, que é o que chamamos de colapso”.
Ele lembra que a expansão do INTO chegou ao seu limite, que é 50 unidades. “Há um plano de expansão para a Fundhacre, mas preocupa também se a expansão da rede privada está sendo pensada, temos 20 leitos no Santa Juliana que estão todos ocupados”, destacou.
O Acre registrou ontem (9) quase 600 casos de covid-19 e Thor Dantas diz que não está otimista quando aos próximos dias alertando que, pelo menos até março, o Acre deve enfrentar um cenário tenso com o crescimento de internações. E voltou a defender a vacinação em massa na região norte como forma de conter a onda de novas cepas evitando assim a expansão para outras regiões do país.
“A medida possível é a vacinação em massa no território acreano. Nosso estado é quase um bairro de São Paulo, então é possível com um esforço coletivo de redistribuição prioritário, para tentar bloquear a disseminação. É a nossa arma mais eficaz, a melhor chance, junto com o distanciamento social. Se contermos emergencialmente as variantes elas se esgotam, mas se conter parcialmente, favorece que mutações surjam”, justificou.
Após reunião com a bancada federal do Acre, o Ministério da Saúde disponibilizou aviões para o Acre em caso de necessitar transferir pacientes. A medida foi comentada por Thor Dantas. Ele afirma que trata-se de uma medida paliativa, já que a bancada se reuniu com Pazuello em busca de solução e não houve nenhuma medida concreta.
“Isso não vai ajudar. Primeiro que isso com certeza vai contribuir para a disseminação do vírus. Claro que em uma situação de colapso a transferência é uma questão de humanização, mas isso é para quando o castelo já desmoronou e essa não é a medida que queremos agora”.
Dantas enfatizou que outra luta cruel no combate ao coronavírus é a desinformação. Fake news e boatos precisam ser combatidos. “A desinformação está mais rápida que a informação e isso é muito danoso. As pessoas me procuram para saber se devem tomar a vacina, porque elas vêem notícias falas, boatos circulando e desacreditam. O pior cenário é esse: as pessoas deixarem de se vacinar por medo. Estamos tendo que gastar energia e convencer as pessoas de coisas simples como a necessidade de uso de máscara e manter o distanciamento, asseverou.