Policiais e militares do Mianmar abriram fogo contra manifestantes que protestavam neste sábado (27) — no dia mais violento desde o golpe de estado no país, em 1º de fevereiro. De acordo com o site de notícias locais Myanmar Now, o número de mortos na repressão chegou a 114. Entre as vítimas, há crianças.
Os manifestantes foram às ruas no Dia das Forças Armadas no país. Durante um desfile na capital Naypyitaw, o chefe militar Min Aung Hlaing disse que os “militares protegem o povo e lutam pela democracia”.
No entanto, o que se viu foi uma repressão violenta que inclusive já era anunciada pelos próprios militares de Mianmar. Segundo observadores internacionais, mesmo pessoas desarmadas foram assassinadas pelas forças de segurança.
Na sexta-feira (26), a junta que assumiu o poder após o golpe anunciou na TV estatal que os manifestantes corriam o risco de serem “baleados na cabeça e pelas costas” caso desafiassem as ordens de não realizarem protestos neste sábado.
Um menino de 5 anos está entre os 29 mortos na cidade de Mandalay, segundo o jornal local Mianmar Now. Também há mortos na região central de Sagaing, em Lashio , na região de Bago, e em outros lugares.
Segundo ONGs, mais de 300 pessoas já morreram na repressão aos protestos, incluindo uma menina de 7 anos. Esse número não abrange os mortos deste sábado.
O governo também tem cortado o acesso à internet, censurado veículos de comunicação e bloqueado redes sociais para tentar conter os protestos.
Comunidade internacional condena violência
A Organização das Nações Unidas (ONU) e observadores denunciaram a repressão militar em Mianmar neste sábado.
“Estamos recebendo informações sobre dezenas de mortos, incluindo crianças, centenas de feridos em 40 localidades e detenções em massa”, escreveu no Twitter o Alto Comissariado da organização para os Direitos Humanos, que alertou para uma “violência impactante”.
A União Europeia também demonstrou repúdio à chacina em Mianmar. “O assassinato de civis desarmados, inclusive crianças, é um ato indefensável”. E o embaixador dos Estados Unidos no país, Thomas Vajda, enfatizou: “O povo de Mianmar disse claramente: eles não querem viver num regime militar”.