O estoque de alguns medicamentos necessários para intubação de pacientes graves de covid-19 é de apenas cinco dias. A informação foi apresentada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp).
Os medicamentos Propofol, Cisatracúrio e Atracúrio estão em vias de acabar. De acordo com a Anahp, os estoques atuais só duram por mais cinco dias. O Propofol é usado para indução e manutenção de anestesia geral. Já o Cisatracúrio e o Atracúrio ajudam a relaxar a musculatura, facilitando a intubação dos pacientes.
A entidade revelou ainda um estoque de somente dez dias para o Rocuronio, também usado para facilitar a intubação via traqueia.
Para o Midazolam, um sedativo potente, o tempo de estoque disponível atualmente é de 15 dias. Os estoques de Fentanila, indicada para dores extremas, só duram mais 20 dias, segundo a associação.
Representantes dos hospitais, de clínicas, planos de saúde e da classe médica se reuniram nesta quinta-feira com diretores da Anvisa no intuito de buscar soluções para o quadro, classificado por dirigentes da agência como “grave”.
Na reunião, os representantes dos hospitais privados informaram que vão tentar agilizar a importação desses medicamentos. Diante do quadro atual, os hospitais entenderam que a importação deve ser priorizada nesse momento. A ideia é levantar até a próxima terça-feira todos os entraves necessários para iniciar a compra dos medicamentos no exterior. Enquanto isso, a Anvisa dará prioridade aos pedidos de importação que forem sendo encaminhados.
O novo risco de apagão nos suprimentos para combate à pandemia pode representar mais uma escalada no já assustador número de óbitos diários registrado no país. Há dois meses, a falta de oxigênio medicinal vitimou muitas pessoas no Amazonas.
Na semana passada, a Anvisa liderou uma reunião para tratar do abastecimento de oxigênio no país. Na ocasião, os Estados do Acre e de Rondônia apresentavam a situação mais preocupante, mas o cenário era considerado grave em todo o país.
Nos bastidores da Anvisa, a avaliação é de que o problema está na falta de gestão por parte do Ministério da Saúde. Dirigentes de empresas apontam para uma completa desarticulação da pasta na compra dos insumos estratégicos.
As falhas de gestão da pasta, na avaliação de dirigentes de empresas, atrapalham o processo de compra e de distribuição dos insumos pelo país. Isso porque a desarticulação também dificulta o planejamento dos fabricantes.