Seis municípios afetados pela enchente no AM estão em situação de emergência

Seis municípios amazonenses foram reconhecidos pelo Governo Federal como situação de emergência em decorrência de inundações: Boca do Acre, Eirunepé, Envira, Guajará, Itamarati e Ipixuna. Com esse reconhecimento, as localidades podem ter acesso a recursos para ações de socorro, assistência, restabelecimento de serviços essenciais à população e recuperação de infraestruturas danificadas.

Após a publicação do reconhecimento por meio de portaria no Diário Oficial da União (DOU), estados e municípios deve elaborar um plano de trabalho e encaminhá-lo ao pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), por meio do S2ID. Com base nessas informações, a equipe técnica da Defesa Civil nacional avalia as demandas e o volume de recursos necessários para as ações. Com a aprovação, nova portaria será publicada no DOU com a especificação do valor ou apoio a ser liberado.

Já foram anunciados repasses para três municípios pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), por meio da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. Na última quinta feira(11), foi publicado no Diário Oficial, do repasse o valor de R$ 1.852.901,00 ao município de Eirunepé na calha do Rio Juruá. Na última terça-feira (16) foi publicado a liberação de recursos no valor de R$ 1.010.950,00 ao município de Envira, na Calha do Juruá/Amazonas. E nesta quarta-feira (17), foi publicada a autorização do empenho e a transferência de recursos ao Município de Ipixuna, também na calha do Rio Juruá, para execução de ações de Defesa Civil, no valor de R$ 1.373.450,00. Ainda aguardam recursos os municípios de Boca do Acre, Guajará e Itamaraty.

Segundo a defesa civil do estado do Amazonas, o Centro de Monitoramento e Alerta(CEMOA) e a gerência regional realizam acompanhamento diário com os coordenadores municipais.

Sete municípios estão em situação de atenção: Na calha do Madeira, os municípios de Humaitá, Apuí, Manicoré, Novo Aripuanã, Borba, Nova Olinda do Norte e na calha do Baixo Amazonas, o município de Parintins; três em situação e alerta: na Calha do Juruá. Os municípios de Juruá e Carauari e na calha do Purus, o município de Tapauá; e nove municípios estão em situação de emergência por inundação, segundo a defesa civil do estado: na calha do Juruá, Guajará, Envira, Eirunepé, Itamarati, Ipixuna; na calha do Rio Purus, Pauini, Boca do Acre, Lábrea e Canutama.

Os prefeitos dos municípios do interior do estado continuam pedindo ajuda para suprir as necessidades. Eles já passaram por a mesma situação nos anos anteriores, mas dessa vez, por conta da pandemia do novo coronavírus, a situação piorou e os municípios aguardam ajuda.

“A experiência que a gente tem das outras enchentes passadas. Em 2017 e agora em 2021, a gente tá passando por um momento tão difícil dentro do estado. A gente achou um meio de testar as pessoas antes de levar ao abrigo e colocar no laço as famílias que estão no município. Quero pedir ajuda do governo do estado e do governo federal. Com a enchente vem as doenças que o amazonense já sabe, que são a malária, chicungunya, dengue e outras doenças”, disse o prefeito de Guajará, Ordean Gonzaga da Silva

O presidente da Associação Amazonense dos Municípios, o prefeito de Manaquiri, Jair Souto, disse que a situação piorou quando o governo do estado entregou os hospitais para serem administrados pelos municípios. Com os problemas do coronavírus, falta de oxigênio e enchentes, faltaram recursos e para que os hospitais continuem funcionando, é importante o repasse das verbas estaduais ou federais.

Para o mundo, só o que importa é a floresta. Mas é bom lembrar que aqui também moram ser humanos que cuidam da floresta. O custo amazônico é alto. Tem cidades que o preço da gasolina é de R$ 9,00. Só para você ter parâmetro de como está o interior. O custo no estado do amazonas é assim. Se você está reclamando que o litro da gasolina chegou a R$ 6,00, não tem noção de como é viver com o litro da gasolina a R$ 9,00 ou até mais, dependendo da região do interior. Quero dizer ao governo federal e ao estadual, que o coronavírus e as águas dos rios, não podemos esperar pela ajuda financeira para não termos a interrupção dos serviços públicos, sobretudo a saúde para o povo do Amazonas”, alertou Jair Souto.

Segundo a pesquisadora Luna Gripp, do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) o que explica as cheias é o volume de chuvas que no mês de janeiro foi acima do normal, o que causou inundações nos municípios dos estados do Acre, Rondônia e Amazonas. No mês de fevereiro as chuvas voltaram ao normal, mas os níveis dos rios continuaram subindo, o que é normal para essa época do ano. A tendência é que a velocidade da subida dos rios estabilize nos próximos dias.

“Nós tivemos diversos municípios entrando em estado de inundação, tanto no Acre quanto nos municípios do Amazonas que ficam próximos ao estado do Acre. Foram situações de alagamento e inundações ao longo das cidades. De lá para cá, alguns municípios da calha do Rio Madeira tiveram a concentração de chuvas naquela área do estado e começaram a sofrer com a alta do nível dos rios e já foram observadas questões de inundações também”, disse Luna Gripp.

O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) divulgou que no dia 31 de março, vai anunciar o 1º Alerta de Cheias Manaus 2021, neste ano, além da previsão para a cota máxima que o rio deverá atingir em Manaus neste período de cheia, o prognóstico será estendido para os municípios de Manacapuru-AM e Itacoatiara-AM.

“Nós sabemos que essa cheia aqui nessa região acontece nos meses de junho e julho. Então a partir de maio começa a ter alguns impactos na população e na vulnerabilidade da população que vive naquela região. A partir de maio a gente já vai ter impactos mais significativo. Toda inundação vai subindo aos poucos e causa impactos menores e mais localizados que a gente já vai observar a partir de maio os impactos das grandes cheias. Como estamos no mês de maio ainda, é um pouco cedo para prever o que vai acontecer o que vai acontecer. A primeira previsão é todo ano apresentada no dia 31 de março. Nesse período é que a gente começa a ter uma noção do que vai acontecer no mês de junho. Antes disso é cedo para agente afirmar qualquer coisa, porque muita coisa pode mudar”, completou a pesquisadora.

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