Antes mesmo de completar 18 anos, Jotta já tinha conquistado mais do que muitos cantores sonham. Vendeu milhares de discos e foi indicado ao Grammy Latino. Mas, para viver sua verdade, o cantor, atualmente com 23 anos, precisou deixar o mundo que conhecia para trás.
Abandonando a carreira de sucesso na música gospel, Jotta assumiu sua bissexualidade no ano passado e migrou para o mercado pop. A decisão veio acompanhada de medo e insegurança, mas o cantor não pestanejou e compartilhou a empolgação em torno dos novos planos com um site paulista.
COMO TUDO COMEÇOU
João Antônio, o Jotta, nasceu em Guarujá-Mirim, em Rondônia, e conheceu a fama bem cedo. Aos 06 anos, gravou o primeiro o disco, e aos 12, estourou depois de participar de um programa de calouros apresentado por Raul Gil.
“É muito difícil estar exposto a tantos olhares em uma fase em que você está se descobrindo, em busca de aceitação. Eram 15 shows por mês, programas de TVs, viagens. Tudo isso vivenciado em um ambiente religioso, cheio de regras e cobranças”, diz.
Em 2014, com seu terceiro álbum, “Geração de Jesus”, Jotta foi ainda mais longe: foi indicado ao Grammy Latino. “A sensação é surreal. Fui o artista mais jovem no mercado gospel latino a ser indicado. Isso foi a motivação para que eu resistisse ao assédio do ambiente em que eu vivia“, desabafa.
EM BUSCA DA VERDADE
Criado em uma família cristã, foi na Igreja que Jotta descobriu o senso de comunidade e também recebeu as primeiras influências musicais do soul e do R&B. Foi no gospel que sua carreira deslanchou. Mas algo não se encaixava quando se tratava da sua sexualidade.
“Isso causou várias dúvidas na minha cabeça. Eu era um dos cantores com mais visibilidade no mercado gospel, mas a culpa só crescia porque o aprendizado que tive dentro da igreja era de que ser homossexual é errado”, relembra.
Jotta tinha receio de não ser aceito pela comunidade e pelo público que sempre o acompanhou, além de arriscar o sucesso que tanto ajudou sua família a ter uma vida melhor. Mas o cenário se mostrou insustentável.
“Eu tinha toda uma estrutura empresarial e familiar que dependia financeiramente do meu trabalho. Como se desfazer de tudo isso quando você sabe que se assumir afetará toda a sua carreira? Você não será aceito da forma que é, e, sim, da maneira que eles querem que você seja” argumenta.
Foi só no ano passado que ele teve coragem de se assumir publicamente como bissexual, romper com a Igreja e a música gospel e trilhar um novo caminho dentro da carreira na música.
“Por dentro, já estava vivendo um processo de autoconhecimento. Meu maior medo era expressar isso e entender como mostrar esse novo trabalho, guardado há tanto tempo dentro de mim. O recomeço é sempre necessário, mas gera insegurança”, revela.