Muitas espécies de animais podem ser canibais. Diversos casos de répteis e aves, e até mesmo primatas que se alimentam de animais da mesma espécie já foram registrados ao redor do mundo.
Ao todo, são em torno de 1300 espécies que apresentam essa característica. Contudo, pesquisadores acabam de observar esse comportamento em larvas de estrela-do-mar.
A estrela-do-mar-de-forbes (Asterias forbesi) é um equinodermo que habita águas costeiras ao redor do mundo, sobretudo no Oceano Atlântico.
No artigo publicado no dia 26 de março, pesquisadores buscavam entender a reação de estrelas juvenis e larvas à presença de um predador no mesmo aquário.
Para tanto, os pesquisadores colocariam um caranguejo junto às pequenas estrelas-do-mar. No entanto, antes mesmo do predador aparecer no aquário, as estrelas já estavam devorando umas às outras.
Os autores registraram então, no periódico Ecology, um dos primeiros casos de canibalismo em estágios tão juvenis de invertebrados marinhos.
As estrelas-do-mar têm uma fase larval que parece uma pequena “nave espacial”, de acordo com Karina Brocco French, que trabalhou no laboratório durante a pesquisa.
Após essa fase de larva, os animais começam a tomar o formato característico de estrelas juvenis. Acontece que essas estrelas adolescentes acabam se alimentando das larvas ainda em desenvolvimento.
Canibais têm uma vantagem individual
Tecnicamente, canibalismo é uma característica que pode ser um problema para uma população de animais. Isso porque se animais de uma mesma espécie começam a se matar, a população em si diminui, assim como o sucesso da espécie. O indivíduo, contudo, se beneficia de energia e nutrientes extra que outros animais não-canibais não teriam.
No caso das estrelas-do-mar, essa característica é exacerbada devido à competitividade. Isso porque cada fêmea de A. forbesi pode produzir até dez milhões de ovos a cada ano.
Isso mesmo, dez milhões. Portanto, os animais maiores e mais adaptados se prevalecem nutritivamente sobre seus próprios irmãos.
De acordo com os autores, ainda, esse comportamento pode ser ainda mais comum, especialmente em animais pequenos e invertebrados.
Apesar da estranheza para os seres humanos, o comportamento pode ser – como dito antes – bastante benéfico para certos indivíduos.
Em se tratando de uma população que produz tantos animais anualmente, como no caso das estrelas, o canibalismo pode ser a melhor estratégia selecionada nessa espécie até o momento.
Os autores esperam, nesse sentido, que o seu estudo forneça uma porta de entrada para a avaliação de canibalismo em outras espécies de invertebrados marinhos microscópicos.
O artigo está disponível no periódico Ecology.