No AC, açougueiro é vítima de racismo: “Ei, neguinho, é pra fazer do jeito que eu pedi”

Um açougueiro de um supermercado de Rio Branco foi vítima de racismo, e o caso chegou à 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC).

Em audiência, o funcionário contou que a cliente o chamou de “neguinho”. Ao presenciar o fato, ele pediu para ser chamado pelo próprio nome ou pela função que ocupa, mas ela insistiu: “Ei neguinho, é pra fazer do jeito que eu pedi”.

Pela segunda vez, a vítima contra-argumentou, pedindo para ser chamada pelo nome ou de açougueiro, mas a cliente justificou: “Olha aqui a cor da minha pele, eu também sou morena”.

A mulher pediu para outra pessoa terminar o atendimento, porque não queria mais ser atendida por quem ela chamara de “neguinho”.

Inconformada, ela procurou a gerência do supermercado e disse que o funcionário a tratou de forma ríspida e grosseira quando ela pediu para tirar a pele de uma peça de carne. Após isso, ela recebeu uma mensagem do responsável pelo WhatsApp com um pedido de desculpas e foi registrar queixa na Justiça, pedindo indenização.

Saindo do local de trabalho, a vítima também foi registrar um Boletim de Ocorrência por injúria racial e pediu indenização por danos morais.

A juíza de Direito Luana Campos ouviu uma testemunha, que confirmou a versão do açougueiro. Ela entendeu que o fato de o profissional ter sido ofendido em razão de sua raça é um incidente gravíssimo e sob nenhuma justificativa a empresa pode obstar que qualquer um de seus colaboradores usufruam de seus direitos legais.

A cliente deve indenizar a vítima em R$ 3.500,00, à título de danos morais, de acordo com a sentença mantida pela magistrada.

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