Percentual de jovens com Covid internados em UTI de rede particular do Rio quase triplicou em três meses

O primeiro trimestre de 2021 registrou um crescimento no número de internações de jovens com a Covid-19 em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em uma rede de hospitais privados do Rio de Janeiro.

Um levantamento feito pela Rede Américas, responsável pela gestão de cinco unidades de saúde na capital fluminense, mostra que o percentual de internações de pessoas com idade entre 18 e 44 anos quase triplicou.

Em janeiro, os hospitais da rede tinham 5.3% de suas UTIs ocupadas por esses jovens. Já em março, o percentual subiu para 14.7%.

Segundo o coordenador nacional das Unidades de Terapia Intensiva da Rede Américas, o médico Victor Cravo, muitos desses jovens não apresentavam problemas de saúde anteriores.

Para ele, a mudança de perfil dos internados é um alerta para quem acreditava que apenas os mais idosos e as pessoas com comorbidades deveriam se preocupar.

“Esses números são preocupantes porque é uma população que até então a gente tinha uma ideia de que não teria a doença de forma grave. Hoje eu tenho uma população de jovens sem comorbidades, mas que estão entrando de uma forma muito mais grave”, disse Victor Cravo.

Também chama a atenção o aumento no número de internações de pessoas de meia idade (45 a 64 anos). Na capital Fluminense, essa faixa etária foi responsável por 42% das internações em UTI nos hospitais da Rede Américas, durante o mês de março. Em janeiro, esse percentual era de 18%.

Para o especialista, essa mudança de perfil pode ser atribuída às novas variantes do vírus e ao relaxamento nas medidas de prevenção, como o distanciamento social, aumento das aglomerações e a redução quanto ao uso de máscaras.

“Com certeza o pouco cuidado dos jovens diante das regras de isolamento é muito mais importante até do que eu atribuir exclusivamente ao vírus”, analisou Victor Cravo.

“Se a gente não der oportunidade o vírus não vai se espalhar. Cada vez que o vírus se espalha, maior serão as mutações e as chances de termos um vírus mais e mais resistentes. A falta de conscientização da população à necessidade de distanciamento social, menor locomoção e deslocamentos é fundamental. A gente entende que existe uma questão econômica, entendemos que existe uma questão social envolvida. Mas infelizmente o que estamos vendo são agrupamentos desnecessários. A gente não pode ter rave, festa clandestina, show. Isso não pode”, completou o médico.

Na opinião de Victor Cravo, o Rio de Janeiro e o Brasil, de forma geral, ainda terão um longo caminho pela frente para vencer a pandemia da covid.

Nos últimos dias, o médico observou pontos de melhoras nos hospitais da rede após os dez dias de ‘paralisação emergencial’ das atividades no Rio. Contudo, ele pede que os cariocas não entendam que ‘pequenas melhoras’ possam ser um sinal verde para o relaxamento das medidas de prevenção.

“No Rio, nós não temos um cenário de pressão nas emergências, mas o nosso sistema está já no máximo de sua capacidade. A gente está longe de trabalhar de uma forma normal. A gente está trabalhando no máximo do sistema. Se o Rio de Janeiro tiver um cenário parecido com o que nós vimos em São Paulo, com emergências cheias, a gente vai ter um colapso do sistema”, ressaltou Victor.

A Rede Américas administra no Rio de Janeiro os hospitais Samaritano, na Barra da Tijuca e em Botafogo; Vitória, também na Barra da Tijuca; o Pró-cardíaco, em Botafogo, e o Hospital Maternidade Santa Lucia, no Humaitá.

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