Enfim, após muito “disse me disse”, o MDB reembarcou de forma oficial no governo Gladson Cameli (Progressistas). O anúncio foi feito na quinta-feira (6) pelo presidente estadual da legenda, deputado federal Flaviano Melo, e pelo senador Márcio Bittar, encarregado de costurar a aliança com o Palácio Rio Branco.
No entanto, há uma pendência a acertar: a bancada emedebista na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac). Os três deputados, em especial Roberto Duarte, têm agido de forma independente, chegando a assinar o pedido de criação da CPI da Educação, que investiga suposto escândalo de corrupção em uma das principais pastas do estado.
Ao ContilNet, Flaviano afirmou que a sigla trabalha para realinhar Duarte, Antonia Sales e Meire Serafim ao governo, mas já avisou que, no final, cada um vai fazer o que quiser, “porque o MDB é democrático”.
Ele também comenta sobre seu destino em 2022, sua relação com o governador e outros assuntos. Confira:
ContilNet – O MDB está pra valer no governo?
Flaviano Melo – Sim. Agora o MDB está alinhado ao governo, vai contribuir, é aliado, quer ajudar a governar e a fazer uma boa administração. É preciso ficar claro que o MDB não sou eu e não é o senador Márcio Bittar. O MDB é uma coisa maior e é democrático. As decisões são feitas pela maioria. Então, primeiro, e isso já foi dito pelo governador, na pandemia a gente tá junto. O que precisar pra pandemia, a gente vai ajudar. Isso independente de estar no governo ou não. E cada um pode ter as suas opiniões. O MDB é maior que eu e o Márcio. Nossas decisões são democráticas. Mas é bom que fique claro que o MDB está no governo.
E quanto aos três deputados que se comportam como independentes na Aleac, inclusive votando contra o governo na CPI da Educação?
Como eu disse, cada um tem a sua opinião. Evidente que o partido está tratando no sentido de tentar alinhá-los também ao governo. Mas eles falam por eles. São independentes. Assim como eu falo por mim e o Márcio fala por ele. Não existe puxão de orelha no MDB. Somos um partido democrático.
O partido hoje tem duas secretarias, a de Empreendedorismo e Turismo mais a de Produção e Agronegócio. O tamanho do MDB no governo vai crescer após esse anúncio?
A de Turismo veio em um primeiro momento, foi escolha pessoal do governador de um quadro do MDB, que é a Eliane Sinhasique. Então o MDB não poderia ser contra uma indicação dessas. Agora onde teve tratativas foi na Sepa. Se iremos pleitear mais espaço ou não, isso o futuro é quem vai dizer. Por enquanto, nada a discutir. A gente vai começar a trabalhar, queremos fazer um trabalho bom na Sepa pra mostrar do que o MDB é capaz.
Neném Junqueira, secretário da Sepa, não é filiado ao partido. Na época da indicação dele pelo senador Márcio Bittar, o senhor disse que ele não representava a agremiação. Afinal, a Sepa está ou não debaixo do guarda-chuva do MDB?
Está dentro do guarda-chuva sim. O que aconteceu foi, digamos assim, uma falta de comunicação. Quando ele foi indicado, e o Márcio deu o aval, a notícia saiu antes de chegar aqui. Só isso.
O senhor gostaria de comentar a saída da Eliane Sinhasique do partido?
A Eliane foi eu que convidei, eu que trouxe ela pra cá. Ela veio, foi candidata a vereadora, se elegeu, nós demos todas as condições pra ela trabalhar, fez um bom mandato, se elegeu deputada estadual e chegou a ser a nossa candidata a prefeita. Agora, na hora que ela saiu, ela disse que queria voltar a ter mandato, e via aqui dentro do MDB, pela votação dos eleitos, que não teria chance, como não teve na eleição passada. Então ela pediu pra sair, e é evidente que ninguém pode negar. Saiu pela porta da frente. Lamento, porque é um quadro que tem voto e podia somar na nossa legenda.
Como é sua relação com o governador Gladson?
Perfeitamente normal. Eu sempre tive uma boa relação pessoal com ele, desde o tempo que ele foi deputado federal. E isso nunca deixou de existir. Nós temos uma relação de amizade pessoal.
O MDB pretende pleitear a candidatura a vice do governador em 2022?
Isso aí ainda está muito distante. Vamos cuidar de trabalhar. Vamos primeiro focar na gestão, fazer uma boa gestão pra pensar no futuro. Mas nada é descartado. Na política tudo é possível.
Como o senhor vê essa guerra política aberta entre o governador e o vice?
Com tristeza. Acontecer isso em uma chapa que a gente trabalhou… Mas o que é que eu posso fazer? Só ver com tristeza.
O senhor vai se candidatar em 2022?
Sim, quero buscar minha reeleição. Vou trabalhar para ser reeleito deputado federal.