Russian imperial stouts são cervejas mais fortes, robustas, escuras, um estilo normalmente associado ao clima mais frio, não no… Acre.
“Sou apaixonada pelas RIS, e tenho na minha carta apesar de não ser uma cerveja que combine com o clima quente do Acre. Digo que é o tanque da mestre-cervejeira. Quem quiser se arriscar, eu compartilho”, brinca Elisane Grecchi, mestre-cervejeira da Seringal Bier.
Inaugurada em novembro de 2019, em Rio Branco, a Seringal Bier é a primeira cervejaria do Acre —único estado brasileiro que ainda não tinha um estabelecimento do gênero.
Mas a potente RIS —a da casa tem 12% de teor alcoólico— está longe de ser a única opção oferecida por Elisane Grecchi, 39, que, além de desenvolver os estilos, comanda a cervejaria ao lado do marido, que ajuda na parte administrativa.
São quatro cervejas de linha (pilsen, cream ale, red ale e american IPA) e duas sazonais, que permitem diversas experimentações. Atualmente estão engatadas uma refrescante german pils e, claro, a queridinha russian imperial stout.
“As sazonais variam também de acordo com datas comemorativas ou pedidos de clientes. Fizemos uma com infusão de chá de hibisco para o Dia da Mulher, e a Oktoberfest no mês de outubro”, pontua Grecchi.
A cervejaria apareceu pela primeira vez (com atraso) no Anuário da Cerveja deste ano, divulgado na última semana pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“Desde a inauguração tem sido uma excelente surpresa para mim. Existem muitas pessoas interessadas em conhecer a cerveja artesanal e o processo de produção cervejeira”, comenta, lembrando que a fábrica fica à vista do brewpub e permite visitação.
A novidade tem sido bem-recebida pelo público. “Existem poucos lugares que servem cervejas artesanais no Acre. Aos poucos o público vem conhecendo e arriscando novos sabores. Nossa cerveja está também em outros restaurantes e bares”, conta a mestre-cervejeira, que começou agora a vender growlers do chope fresco em supermercados da cidade, ampliando o público.
Há 15 anos no Acre e com dois filhos, Elisane é de família paranaense, mas foi no norte do país que começou a fazer suas panelas caseiras de cerveja.
A formação na área foi no Instituto da Cerveja Brasil, credenciado pela alemã Weihenstephan, cervejaria mais antiga do mundo em funcionamento.
Elisane não dá muita pelota para a questão de gênero no setor, que ainda tem poucas mulheres à frente de cervejarias.
“Muitos se surpreendem ao saberem que eu não apenas comando, mas executo todas as partes da produção, inclusive a braçal”, conta. “Mas recebo muito incentivo, de homens e mulheres. Procuro não dar ênfase ao fato de ser uma mulher na cervejaria, o que busco é que minha cerveja seja reconhecida e valorizada por ter qualidade”, conclui.
Mas se você quiser deixar a Elisane feliz na Seringal Bier, peça a ela para falar da russian imperial stout.