O príncipe Harry disse que fez uso excessivo de bebidas alcoólicas e de drogas para se anestesiar do luto após a morte de sua mãe, a princesa Diana, em um acidente de carro em Paris em 1997.
O príncipe, cujo rompimento com a família real causa a maior crise para o Palácio de Buckingham em décadas, acusou ainda seus parentes e a Coroa de negligenciarem ele e sua mulher, Meghan, enquanto ela cogitava cometer suicídio.
— Eu estava disposto a beber, eu estava disposto a usar drogas, eu estava disposto a tentar e fazer as coisas que fizessem eu me sentir menos como estava me sentindo — disse à apresentadora Oprah Winfrey em sua série sobre saúde mental, “The me you can’t see it” (O eu que você não pode ver), disponível na Apple TV.
— Eu provavelmente bebia o equivalente a uma semana de drinks em um único dia, em uma noite de sexta ou de sábado. Não porque eu estava gostando, mas porque estava tentando esconder algo.
Harry, hoje com 36 anos e morando na Califórnia, falou também sobre o trauma de perder sua mãe aos 12 anos e, dias depois, ter que andar atrás de seu caixão em um cortejo fúnebre transmitido ao vivo para todo o planeta.
Segundo o príncipe, que discute o assunto com frequência, sua maior memória é o “som dos cascos dos cavalos” e “fora de seu corpo”.
Foi à Oprah que Harry e Meghan deram uma explosiva entrevista em 23 de março, na qual afirmaram que um membro da família real teria feito comentários racistas sobre a cor da pele do filho que esperavam.
Disseram também que a Coroa decidiu que Archie, hoje com 2 anos, não receberia agora proteção ou o título de príncipe, algo que seria seu direito automático quando Charles subir ao trono.
Durante a conversa de dois meses atrás, a ex-atriz americana disse ainda ter considerado o suicídio diante do que classificou como uma campanha de difamação movida pelos tabloides e da pressão da Coroa.
Na entrevista recém-lançada, Harry disse que a perda de sua mãe acentou seus temores sobre a situação psicológica de Meghan, acusando-o a família real de negligenciá-los:
— Minha mãe foi assediada [pela imprensa britânica] até a sua morte, quando estava em um relacionamento com uma pessoa que não era branca [o egípcio al-Dodi Fayed] e, agora, veja o que aconteceu — afirmou.
— Estamos falando de uma história que se repete? Eles não vão parar até que ela morra?
Segundo o príncipe, o que fez Meghan não seguir em frente com seus pensamentos suicidas foi as consequências que isso teria para ele:
— O que fez Meghan não concretizá-los foi o quão injusto isso seria comigo após tudo que aconteceu com a minha mãe e, agora, ser posto em uma posição de perder outra mulher na minha vida, com um bebê em seu ventre, o nosso bebê — disse o príncipe. — Eu me senti completamente inútil. Achei que a minha famíla fosse ajudar, mas todo pedido, solicitação, alerta, qualquer pedido, foi recebido com silêncio total ou negligência total.
Ainda em março, respondendo às alegações feitas por Harry, a rainha Elizabeth II, disse que a experiência de Harry e Meghan a entristece e que a família real iria tratar, em privado, das acusações. Afirmou, contudo, que as memórias sobre os eventos narrados pelo casal “podem variar”.