Enquanto os bolsinhos das calças jeans foram criados para uma função bem diferente da qual são utilizados hoje em dia, o rebite presente nessas mesmas peças foi o que garantiu que elas se tornassem um sucesso e um uniforme para muitos — primeiramente no workwear e depois no street style.
A história começa em 1871, nos Estados Unidos. O imigrante letão Jacob Davis foi o pioneiro dos rebites enquanto trabalhava como alfaiate em Reno, Nevada.
Moda como ferramenta
Davis havia originalmente usado rebites em cobertores de cavalo e descobriu que funcionavam bem para reforçar o ponto de estresse nas calças masculinas de trabalho, principalmente nos cantos dos bolsos traseiros e da virilha, que muitas vezes se rasgavam quando expostos ao desgaste pesado.
Como Davis não tinha o dinheiro necessário para patentear a técnica de uso de rebites, ele procurou Levi Strauss para ver se ele estava interessado em se inscrever com ele. Em 1873, o par recebeu uma patente para “melhoria na fixação de aberturas de bolso”.
Para fortalecer os bolsos, emprego um rebite […], o qual eu passo por um buraco no final da costura de modo a unir as duas partes do tecido dos bolsos e, em seguida, baixá-lo em ambos os lados, para unir firmemente as duas partes do bolso adicionadas à calça”. Jacob Davis no documento de patenteação do rebite
As tachinhas de cobre tornaram as roupas mais resistentes com o peso colocado nos bolsos. Os pontos críticos das calças foram reforçados, tornando-as mais duráveis.
O primeiro lote das calças tinha, como código, o número 501, que acabou nomeando o modelo mais clássico da empresa, o Levi’s 501.
Vale destacar que a Levi Strauss & Co. foi a primeira empresa a fabricar calças com rebites, criando uma nova categoria de workwear.
Esse foi o nascimento do que hoje conhecemos como o jeans clássico. Atualmente, ainda presente nas peças, os rebites continuam a fortalecer e reforçar as partes mais vulneráveis.
Durabilidade como peça-chave
Assim como o rebite, que tem como intuito reforçar a durabilidade das peças, o material denim, como foi originalmente chamado, também se tornou símbolo de resistência na moda.
O que podemos chamar de verdadeiro jeans é o de coloração azul, que surgiu por volta de 1890, quando Levi Strauss decidiu tingir as peças com o corante de uma planta chamada Indigus, dando-lhes a cor pela qual o jeans é hoje conhecido. Em 1910, foram adicionados bolsos traseiros.
A partir de então, cada vez mais os trabalhadores passaram a usar o jeans para exercer suas tarefas mais árduas e de exigência física.
O jeans só passou a ser utilizado no dia a dia no século 20, quando teve seu uso popularizado pelos caubóis dos filmes estadunidenses, pelos soldados estadunidenses na época da Segunda Guerra Mundial, por astros do cinema e da música estadunidenses como James Dean, Marilyn Monroe, Marlon Brando e Elvis Presley e pelos hippies, como símbolo de contestação e rebeldia.