MATO GROSSO DO SUL (MS) – A descoberta de onças mortas no Pantanal sul-mato-grossense por possível envenenamento por agrotóxicos mobilizou entidades de proteção da vida animal que atuam em MS. A ONG Panthera (Organização Não Governamental), fundada em 2014 para a preservação dos felinos selvagens brasileiros, pretende realizar estudos na região e acompanhar a investigação do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambinete) e da Polícia Federal, que passou a investigar mortes de 20 animais no Pantanal de MS, como noticiamos na segunda-feira (21).
No começo deste mês maio, duas onças monitorada pelo Reprocon (Instituto Reprodução para Conservação) foram encontradas mortas. Na região, do Paço da Lontra, em Corumbá, os pesquisadores também encontraram diversos outros animais, entre mais 18 carcaças de espécies mortas. A suspeita de envenenamento por agrotóxico é a mesma provável, já que até as moscas no local foram mortas. Veja mais detalhes em nossas matérias anteriores de links acima.
Com isto, o presidente da Panthera no Brasil, Leonardo Avelino Duarte, anunciou que a entidade ligada as ‘onças’, irá acompanhar a investigação e também monitorar outras regiões do Brasil onde possa haver eventos semelhantes e determinar a causa especifica das mortas. “Se for o caso de agrotóxicos iremos fazer o levantamento das regiões onde houve mortes semelhantes e cobrar, judicialmente inclusive, providências dos órgãos de controle”, explicou o representante.
A onça-pintada é o maior felino das Américas, o terceiro maior do mundo, atrás apenas do tigre e do leão. É uma das espécies símbolo do Brasil e uma das mais ameaçadas. Há estimativa da RECN (Rede de Especialistas em Conservação da Natureza), que menos de mil onças vivam no Pantanal.
Vulnerabilidade
Além da Panthera, o site Biofaces, que reúne os principais projetos de pesquisa e preservação animal do País, também estuda ações para o caso das mortes das onças em Corumbá. Recentemente, o Biofaces patrocinou ações judiciais para que o Governo do Estado suspendesse obras em rodovias sem a devida proteção à fauna da região.
Em ação, foi solicitado ao Ministério Público a intervenção nos processos de licitações de obras nas rodovias MS-382 e MS-477. Estudos realizados pelas entidades apontam que a realização das obras pode gerar uma grande mortandade da fauna local, além de aumentar exponencialmente a probabilidade de graves acidentes envolvendo motoristas e animais silvestres.
Na ação, foi citado que estudo realizado pela ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) em parceria com o INCAB/IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas) aponta que nos 224 km da rodovia MS-040, entre Campo Grande a Santa Rita do Pardo, foram registradas 1.924 mortes de animais silvestres no período de fevereiro de 2017 e janeiro de 2020.