‘Cessar-fogo’: em guerra há sete anos, facções no Acre selam pacto de não agressão

As facções Comando Vermelho (CV) e Bonde dos 13, que estão em guerra há pelo menos sete anos e cujos combates já resultaram em pelo menos cinco mil mortos neste período, selaram um pacto de não agressão e vão, a partir de agora, conviver pacificamente. A informação foi dada pelo vereador por Rio Branco e pastor evangélico Arnaldo Barros (Republicanos), com exclusividade ao ContilNet.

O vereador disse ter sido testemunha do pacto, que foi firmado dentro do presídio “Francisco de Oliveira Conde”, durante uma de suas visitas à penitenciária estadual. Barros faz trabalho religioso junto aos detentos do sistema prisional através do projeto “Paz para o Acre”, com o qual já teria tirado, em suas contas, pelo menos dois mil detentos das facções.

“O nosso trabalho garante vidas”, disse o vereador ao informar detalhes de como é feita a operação de retirada dos membros das facções. “O faccionado grava vídeo para nós anunciando que está se retirando da facção, saindo do mundo do crime, para aceitar a Jesus Cristo”, disse o vereador. “Isso faz com que, ao se retirar do mundo do crime, ele não migre para outra facção ou que continue no submundo. Se desviar é quase certo que morre”, disse o vereador.

Com o vídeo gravado e enviado às lideranças das facções, o facionado arrependido recebe uma espécie de salvo conduto e não é assassinado. Mas, para isso, tem que seguir os princípios religiosos e, se for o caso, ser internado, por algum período, num albergue mantido pela Igreja do pastor e vereador, a “Geração Eleita”.

De acordo com Arnaldo Barros, o pacto de não-agressão entre as duas facções foi feito dentro do presídio, onde estão as lideranças das duas principais facções do Acre, Estado no qual atuaria, além do Comando Vermelho e o Bonde dos 13, o PCC (Primeiro Comando da Capital) e a Família do Norte, também conhecida como Ifara, esta última ainda com poucos membros e com atuação mais destacada nos estados do Amazonas e de Roraima.

Comando Vermelho e Bonde dos 13 seriam as facções mais atuantes e mais agressivas do Acre. “Com este cessar-fogo, espero que tenhamos de fato mais paz em nosso Estado, conforme defendemos no nosso Projeto”, disse o vereador. “Os líderes das facções chegaram à conclusão de que, com mais de cinco mil mortos entre eles, o sofrimento das famílias, com perdas de mães, pais, irmãos e filhos é muito grande. Esta é uma vitória da Paz”, disse vereador.

Esta é a terceira tentativa de armistício entre as duas principais facções com atuação no Acre. Embora tenham chegado a um acordo quanto ao fim das matanças, pelo menos por enquanto, dentro do presídio, segundo o vereador e pastor, ainda convivem em alas separadas.

A preocupação dos líderes das duas facções, de acordo com Arnaldo barros, é com as decisões isoladas dos membros em relação a morte de um rival enquanto durar o período de cessar-fogo. Por isso, o próprio pastor vem servindo de interlocutor junto as duas facções e seus membros para pedir que tais decisões não sejam tomadas porque, caso isso ocorra, o cessar-fogo pode ser quebrado e as mortes e execuções em série voltem a ocorrer.

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