Santiago, 26 jul (EFE).- O religioso Fernando Karadima, símbolo do escândalo de abuso sexual de menores no Chile e expulso do sacerdócio, morreu aos 90 anos de idade.
Sua morte ocorreu na noite de domingo na casa de repouso San Juan de Dios, em Santiago, devido à broncopneumonia, insuficiência renal, diabetes e hipertensão, de acordo com os meios de comunicação locais, baseados no atestado de óbito.
O caso envolvendo o religioso foi revelado em 2010, quando as vítimas Juan Carlos Cruz, James Hamilton e José Andrés Murillo relataram os abusos que sofreram em uma reportagem de televisão.
“Tudo o que tínhamos a dizer sobre Karadima foi dito. Ele foi mais um elo nesta cultura de perversão e ocultação na Igreja”, disseram as três vítimas em um comunicado divulgado nesta segunda.
Karadima foi condenado em 2011 pela Congregação para a Doutrina da Fé da Santa Sé a “uma vida de oração e penitência” e proibido de ter contato com ex-paroquianos ou de praticar qualquer ato eclesiástico publicamente.
Em setembro de 2018, o papa Francisco anunciou sua expulsão do sacerdócio após uma polêmica viagem ao Chile e aos 34 bispos do país que apresentaram suas renúncias em um evento sem precedentes no mundo.
A sanção abalou não apenas a Igreja, mas também a elite política e econômica chilena com a qual o padre criou laços sólidos a partir da paróquia de El Bosque, no rico bairro de Providencia, na capital Santiago.
Conhecido como o “padre da elite”, Karadima formou numerosos religiosos, incluindo cinco bispos, e foi confessor e conselheiro de figuras públicas no Chile, um dos países mais católicos da região.
A Justiça do Chile o investigou mas, como as acusações contra ele datavam da década de 1980 e da primeira metade dos anos 1990, determinaram que os crimes tinham prescrito, apesar de considerar válidos os depoimentos das vítimas.
No entanto, em 2019, os tribunais condenaram a Igreja a pagar indenização por “danos morais” de cerca de US$ 150 mil a Murillo, Hamilton e Cruz.