Universidade expulsa 6 alunos por fraude em cotas para pessoas pretas, pardas e indígenas

Em reunião do Conselho de Graduação ocorrida na última quinta-feira (22), a Universidade de São Paulo (USP) decidiu pela expulsão de seis alunos de graduação por fraudes em cotas destinadas a pessoas pretas, pardas e indígenas durante o processo de ingresso na instituição.

A universidade informou que não pode fornecer mais detalhes sobre o caso, já que os estudantes terão um prazo para pedido de reconsideração da decisão.

Segundo o Comitê Antifraude às Cotas Raciais na USP, órgão extraoficial, os alunos integravam o corpo discente da Faculdade de Medicina, em São Paulo, da Faculdade de Odontologia, em Bauru, interior do estado, e da Escola de Enfermagem, também na capital.

Nos últimos quatro anos, a Pró-Reitoria de Graduação da universidade recebeu 381 denúncias de fraude em cotas. Desde 2017, de acordo com a instituição, 193 casos estão em processo de investigação, 160 foram descartados e 27 não tiveram andamento, já que os próprios denunciados solicitaram o cancelamento das matrículas.

Em julho de 2020, a USP expulsou, pela primeira vez, um aluno por fraude no sistema de cotas raciais e sociais. O estudante do curso de relações internacionais não conseguiu comprovar a autodeclaração.

Braz Cardoso Neto, de 20 anos, ingressou na universidade pelo sistema de cotas se autodeclarando pardo, de ascendência negra, e com baixa renda familiar.

O Coletivo Lélia Gonzalez de Negras e Negros, do Instituto de Relações Internacionais da USP, suspeitou da veracidade das informações e fez a denúncia à Comissão de Acompanhamento da Política de Inclusão da USP, que é uma instância ligada à Pró-Reitoria de Graduação da Universidade.

O órgão foi criado para apurar as denúncias de fraudes na autodeclaração de pertencimento ao grupo de pretos, pardos e indígenas (PPI) do vestibular da Fuvest.

À época, a USP informou que “não foi possível constatar a conformidade de suas características fenotípicas com a autodeclaração de PPI”, e decidiu pelo desligamento do jovem, além do impedimento de uma nova matrícula por cinco anos.

Vista da Praça do Relógio e Prédio da Reitoria da Universidade de São Paulo — Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Vista da Praça do Relógio e Prédio da Reitoria da Universidade de São Paulo — Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Em março do último ano, uma estudante negra conseguiu se matricular na Universidade de São Paulo após denúncia de que outro candidato, que ficou à sua frente na lista do vestibular, teria fraudado o sistema de cotas.

Juliane Almeida, de 21 anos, era a quarta colocada na categoria que contempla pretos, pardos e indígenas (PPI). O curso de fisioterapia, que adotou cotas raciais na Fuvest pela primeira vez em 2020, aprovou três candidatos na categoria e, portanto, a estudante era a primeira da lista de espera.

“Eu já tinha aceitado que não tinha conseguido, que não ia ser dessa vez, eram só três vagas para PPI e eu estava em quarto lugar. Mas, quando eu encontrei esse perfil [do estudante suspeito de fraude] e eu vi pela foto que não batia com os requisitos das cotas. Eu me senti decepcionada, injustiçada, porque aquilo não tava certo, e ao mesmo tempo emocionada porque me deu o mínimo de esperança”, disse Juliane em entrevista exclusiva ao G1.

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