Acreana relata suposto desaparecimento de restos mortais de irmã em cemitério da Capital

Uma situação um tanto constrangedora tem gerado “dor de cabeça” na família de Nathália Regina Carvalho desde meados de 2010, quando descobriram que a irmã, Regina Priscila Carvalho da Silva, que morreu após cinco dias de nascida em 1983, não estava mais enterrada em lote adquirido no cemitério São João Batista, em Rio Branco (AC). A terra, que foi comprada pela mãe dela no mesmo ano, acabou sendo supostamente vendida para outra família. Já os restos mortais da recém-nascida, desapareceram até então.

De acordo com a reclamante, que procurou a redação do ContilNet para relatar a situação, a família não conseguiu comprovar, na época, de que a terra era deles, justamente por não terem encontrado o comprovante de posse. Nathália também disse que o cemitério não exige taxa de manutenção propriamente dita, mas somente o referente a uma quantia do guia de sepultamento.

“O que eles alegaram era de que não tinha entrada de sepultamento no nome desta criança, e nós não tínhamos o comprovante de compra (para provar). Além disto, a quadra era ‘de anjo’, e (o mapa do cemitério) modificou muita coisa. Eles sempre diziam isso: de que nos livros não constava nenhum sepultamento no nome da minha irmã”, comentou.

Família relata constrangimento por conta o episódio. Foto: cedida

“E O CONSTRANGIMENTO?”

Inconformados com a situação a que estiveram inseridos por tantos anos, eles resolveram ir atrás da documentação. Com muito esforço, conseguiram os comprovantes e o atestado de óbito e, então, entraram em contato com o cemitério, mesmo notando que no papel, não havia a especificação do lote propriamente dito. “Tentaram nos dar dois lotes. Só que o primeiro, quando fui enterrar meu sogro, a água ‘dava no joelho’ e minha mãe se recusou (a aceitar a proposta). No segundo já tinha pessoas enterradas. O que me falaram é que vão fazer uma busca para verificar se tem algum disponível, e que vão colocar no Diário Oficial buscando donos de lotes que estão abandonados”, falou.

Já os restos mortais, de acordo com a reclamante, sumiram até então. Ela fez uma busca detalhada no livro de sepultamento, e conseguiu encontrar o nome da irmã lá. Em decorrência disto, ela entrou com uma ação judicial e pretende levar o caso ao Ministério Público. “Não dizem se vão atrás, se colocaram dentro de um saco, guardado em um canto […] é muito complicado porque eles não têm uma resposta para nos dar. Eu tenho provas de que minha irmã foi enterrada. E o constrangimento? E a dor de novo?”, complementou, dizendo que todas as vezes, eles dão o argumento de que a terra era de anjo, nome dado ao espaço onde crianças são enterradas. “Então quer dizer que anjo recém-nascido não tem osso não?”, disse.

Elas sabem exatamente onde fica o lote. “Mas aí eles falam que não, ‘que eles têm o comprovante do fulano que comprou’. Lógico que são deles (de quem comprou posteriormente). Se sumiram com o corpo e se foi feito a transferência (para os novos donos), né?! Mas eles são cientes de que nós temos documentos de compra de lá, e que temos direito a um. Eles só não aceitam que é onde é”.

ERRO NO ENTERRO DO SOGRO

Outra situação mais recente envolvendo a mesma família e o cemitério também causou transtornos. O sogro de Nathália, Eduardo Moreira Costa, faleceu em 19 de março de 2021 e, erroneamente, foi enterrado em um lote que já tinha dono. Como já tinham três corpos na terra, eles sugeriram que fosse construída uma laje para evitar que o caixão emergisse.

“Era para ele ter sido enterrado no lote 761, mas enterraram no 771. Aí eu levei minha mãe para mostrar o local exato, mas eles teimaram, dizendo que estava com o mapa, e que o mapa apontava para aquele lote. Recentemente, um rapaz foi enterrar um parente neste mesmo local, e aí percebeu que tinha algo de errado pois já tinha alguém enterrado lá”, disse.

Nathália complementou que foi feita a exumação do corpo para o lote correto. Para isto, a laje que ela mandou construir teve de ser demolida. “Eles fizeram um protocolo (da exumação) e vou lá para pegar a cópia. Eu exigi que eles fizessem a laje (no local correto), porque eu paguei por ela. O erro foi deles. Meu sogro foi enterrado duas vezes e foi uma cena horrível, até porque o corpo estava inteiro. Quando nós vimos, ficamos aterrorizados. Falaram que vão pedir uma solicitação para a Semsur (para fazer a laje) mas até lá, vai ficar no barro”, pontuou.

POSICIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO DO CEMITÉRIO

Nossa reportagem entrou em contato com o secretário da zeladoria de Rio Branco, Joab Lira, para obter informações sobre o caso. O gestor explicou que a denúncia não chegou ao conhecimento da pasta, mas que vai abrir um processo investigativo para apurá-la e, além disso, estruturar novas medidas que combatam qualquer prática criminosa dessa natureza.

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