Em menos de 15 dias, duas pessoas do alto escalão do governador Gladson Cameli (Progressistas) foram alvos de mandados de busca e apreensão por supostos envolvimentos em crimes financeiros.
O primeiro caso foi o da diretora administrativa e financeira da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Acre (Codisacre), Valdete de Souza, no dia 30 de junho, quando foi acordada pela Polícia Civil em sua porta após ser denunciada por comissionados de sua pasta por suposta prática dos crimes de “rachadinha” e assédio moral. Segundo as denúncias, ao serem contratados, os cargos em comissão concordavam em devolver parte dos salários para a gestora e até prestar serviços domésticos em sua casa.
O segundo caso ocorreu nesta quinta-feira (12), quando o secretário da Fazenda Estadual (Sefaz), Rômulo Grandidier, teve seu escritório como alvo da Operação Rounds Mundi, desencadeada pela Polícia Federal. Ele é citado como parte de uma organização criminosa responsável por fraudes que podem chegar a mais de R$ 70 milhões na contratação de empresas para o fornecimento de combustível a frota de veículos da Prefeitura de Cruzeiro do Sul.
O que chama a atenção entre estes dois fatos não é a gravidade das denuncias, mas a forma de agir do governador Gladson Cameli que, no caso de Valdete, não se demorou em declarar que iria exonerá-la, afirmando que “não tem condições uma situação dessa dentro do Governo”, disse à imprensa na época.
Apesar de não ter cumprido esta promessa e Valdete não ter sido exonerada, ela foi isolada: não é atendida por Gladson e nenhum secretário do alto escalão aceita suas ligações.
Mas parece que o pau que bate em Francisco não é o mesmo que bate em Chico neste caso, já que poucas horas após a operação da PF contra o secretário Rômulo, o governador que 13 dias antes havia agido com mão de ferro contra Valdete, não apenas saiu em defesa do seu secretário, como deixou bem claro que não tem pretensão de exonerá-lo já que “conhece a conduta dele”.
“Rômulo é da minha confiança e eu conheço bem o caráter dele. Não tem nada provado contra ele, apenas está sendo investigado”, declarou Cameli em entrevista ao ContilNet, em um discurso completamente diferente do que disse ao falar sobre Valdete: “Eu não compactuo com irregularidades. Se for provado tudo o que está sendo dito, vou exonerar”.
Sobre essa acepção nos casos, Valdete disse à reportagem que prefere não se manifestar, mas destacou que “o governador sabe o que ele faz, de bobo ele não tem nada. Quem pensa que ele é bobo, está redondamente enganado, ele é muito é ‘sabido’ e tem o coração bom”.