Epitaciolândia, o último reduto político dos irmãos Wherles e Mara Rocha

Case de sucesso

Os irmãos Wherles e Mara Rocha podem ser considerados um case de sucesso na política local, se analisarmos somente à luz dos cargos que ocupam: o primeiro, vice-governador, e a segunda, deputada federal, sendo inclusive a mais votada do Acre no último pleito. O problema é que a política tem muitos meandros, e apesar dos cargos que ocupam, a vida deles não tem sido fácil.

Catapulta

O vice-governador, major Rocha, começou a cavar a própria cova em meados de 2019, nas montagens das chapas para prefeitos. O major da PM percorreu todo o estado, montando chapas e fazendo alianças, afim de ampliar o seu capital político. O problema é que o que parecia X, na verdade era Y. No lugar de catapultar sua influência, o resultado das urnas desidratou seu grupo. Apenas em Epitaciolândia o major saiu vitorioso, com a eleição do prefeito Sérgio Lopes (PSDB).

Rio Branco

Na capital, o major emplacou a candidatura do ex-reitor da Ufac, Minoru Kinpara. O vice-governador filiou o ex-petista ao PSDB e montou uma chapa forte, com o PSL na vice. Apontado como favorito nas pesquisas eleitorais, Kinpara viu sua candidatura ir por água a baixo nos últimos momentos antes do dia das eleições e teve que se contentar com o 3º lugar, ficando fora do segundo turno.

Virou a casaca

Em julho do ano passado, o vice-governador trocou o PSDB pelo PSL. A estratégia, era comandar o ex-partido do presidente Jair Bolsonaro no AC e continuar com influência dentro do PSDB, já que sua irmã, a deputada Mara Rocha, continuaria no partido. Porém, mais uma vez o tiro saiu pela culatra.

Isolados

Os erros de estratégia política dos irmãos acabaram tendo um peso grande: o isolamento. O vice-governador fez sua manobra mais arriscada e rompeu com o governador Gladson Cameli (PP). O seu ex-partido, o PSDB, sempre seguiu firme na base de Gladson, e seu novo partido, o PSL, também embarcou no navio governista. Sua irmã, Mara Rocha, também se isolou. Com o pé fora do ninho tucano, só espera a janela partidária para procurar outra sigla.

Quiproquó

O último quiproquó que os irmãos se envolveram foi com o ex-pupilo, Minoru Kinpara. O ex-reitor foi convidado, na semana passada, pelo Governador Gladson Cameli para integrar a base de seu governo e apoiá-lo na reeleição, tarefa aceita por Kinpara. De bônus, sua esposa, Degmar Kinpara, foi nomeada presidente do IMC. A deputada não gostou da aproximação dos Kinparas com o Governo e chamou Minoru de “traíra” e de ingrato.

Réplica

A direção estadual do PSDB rebateu a deputada e em uma nota forte, chamou Mara Rocha de fantasiosa, arrogante e medíocre. “O PSDB apoiou e elegeu Mara Rocha para hoje ela nos agradecer com o que encontrou de pior nas suas pouquíssimas qualidades. Não tem moral a deputada para escrever uma vírgula sobre gratidão. Que ela siga seu caminho fadado ao fracasso”, diz um trecho da nota, que não é assinada nominalmente, constando apenas a “assinatura” da Executiva Regional do PSDB/AC.

Tréplica

Em defesa de Mara, o presidente do PSDB de Epitaciolândia, Galvão, acusou o PSDB estadual de atrapalhar o mandato da deputada. O dirigente municipal disse ainda que um “grupo seleto, de meia dúzia de pessoas”, comanda o partido no Acre. “Infelizmente só me decepciono e me entristeço com meia dúzia que só estão pensando em poder e não no povo”, disse.

Último reduto

Epitaciolândia se transformou no último reduto dos irmãos. Vira e mexe e eles aparecem por lá. A relação com o prefeito Sérgio Lopes é sólida e sempre que vão a cidade são bem tratados e recebidos com carinho, tanto pela classe política quanto pela população. No último fim de semana, estiveram por lá mais uma vez. A influência deles é tanta na região, que resvala até em Brasileia. Prova disso é a foto que tiraram na última visita, em que aparecem ao lado da vereadora de Brasileia Neiva Badotti (PSB).

Não conheço

O governador Gladson Cameli disse estar surpreso e desconhecer o lado agressivo da deputada federal Mara Rocha. “Eu não conheço essa Mara Rocha que se apresenta dessa forma. A que me foi apresentada é educada, não ataca as pessoas de forma gratuita e raivosa, sem fundamentos”, disse, em referência aos ataques feitos pela deputada ao agora aliado de Gladson, Minoru Kinpara.

Sem festa

E por falar em Gladson, o governador disse que vai cancelar a festa de 7 de Setembro. A justificativa do governador é que o povo não está se vacinando. “Se a população não toma vacina, eu recuo nas minhas decisões”, disse. A Expoacre também corre o risco de não acontecer neste, pela mesma razão.

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