Parece um enredo de filme. Um homem preso acaba na mesma cela que o criminoso que atacou sua irmãzinha e cumpria sentença por abuso infantil, estupro de menor e posse de material contendo pedofilia. Dada a coincidência, agrediu o companheiro de cela até a morte como vingança.
O caso, que se assemelha ao filme ‘Vendetta’ (2015), em que o detetive vivido por Dean Cain vai preso de propósito para vingar a morte da esposa, é protagonizado – na vida real -por Robert Munger, de 70 anos, que cumpria 43 anos de detenção por seus crimes contra crianças, e Shane Goldsby, de 26 anos, que acabou sua pena ampliada em 24 anos por conta da agressão mortal ocorrida na cadeia.
“Eu estava em choque. Eu estava tipo, ‘mas que diabos?’. Isso não acontece. Você está falando da mesma instituição, a mesma unidade, o mesmo pavilhão e a mesma cela que esse cara. Isso é como ganhar no cassino sete vezes”, disse Shane ao jornal KHQ em uma entrevista antes de receber a sentença, que acontecerá nesta terça-feira.
No entanto, erra quem pensa que o crime foi algo extremamente elaborado como no filme ‘Código de Conduta’ (2009), estrelado por Gerard Butler e Jamie Foxx. Assumindo a culpa pelas agressões e pela morte do companheiro de cela, Shane Goldsby disse em sua defesa que a situação não foi coincidência e teria sido organizada pelos carcereiros do Centro Correcional Airway Heights. A polícia de Washintgon defende seus agentes e alega que uma investigação atestou que eles não tinham conhecimento de tamanha coincidência.
De acordo com os autos do processo, o estuprador condenado “morreu depois que Goldbsy atingiu Munger no rosto e na área da cabeça cerca de 14 vezes, (pisoteou) em sua cabeça pelo menos quatro vezes e (chutou) mais algumas vezes antes de se afastar e ser levado sob custódia pelos carcereiros”.
Shane vive entre a vida no cárcere e em liberdade há anos por conta de incidentes violentos, como o em que roubou um carro da polícia e acabou ferindo um agente em um acidente durante sua fuga. Ele admitiu também ter entrado em pelo menos 20 lutas corporais contra vários agentes penitenciários, o que o levou a ser transferido de vários presídios até, em junho de 2020, receber como destino o Centro Correcional de Airway Heights – e para a mesma cela de Munger.