Figueiras plantadas em avenida de Campo Grande e ‘regadas por prefeito todos os dias’ fazem 100 anos

Em 1921, quando Campo Grande tinha pouco mais de 8 mil habitantes, o então prefeito Arlindo Gomes passou a revolucionar a administração, criando projetos e realizando o plantio de árvores no canteiro central da avenida Afonso Pena.

Para dar o exemplo, ele mesmo as regava, diariamente, ao sair do expediente. Hoje, as figueiras completam o centenário.

Na época, eram centenas de casas de alvenaria de tijolos, mais de 100 casas comerciais, duas agências bancárias, cinco hotéis e 58 automóveis. Além disso, incluindo a área rural, o município tinha 21.360 habitantes, rede telefônica e iluminação elétrica.

E foi naquele ano que Arlindo Gomes convidou Camillo Boni e Arnaldo Estevão de Figueiredo para ocuparem cargos na administração municipal, deixando marcas de desenvolvimento que se estendem até os dias de hoje.

Prefeito Arlindo Gomes é quem plantou figueiras no canteiro da avenida Afonso Pena — Foto: Arca/Divulgação

Prefeito Arlindo Gomes é quem plantou figueiras no canteiro da avenida Afonso Pena — Foto: Arca/Divulgação

Entre os projetos estão a negociação para que Campo Grande abrigasse os quartéis militares programados pelo Ministro Calógeras.

A área para a construção foi adquirida pela intendência por um conto de réis e doada ao governo federal.

Com esse intento, Arlindo Gomes deslocava o eixo militar mato-grossense de Corumbá para Campo Grande e, assim, a cidade vai atravessar seu segundo grande surto de desenvolvimento, sendo o primeiro em 1914, com a estrada de ferro.

Na época, as tropas foram para os quartéis e “encheram” a cidade de gente e de poder. Os militares necessitaram de uma rede de água própria para abastecer os enormes edifícios e mais uma vez, Arlindo intercede para que a rede, que vinha das nascentes do Segredo, pudessem abastecer as mais de mil casas existentes em Campo Grande.

Em seguida, houve o abastecimento com água potável, o surgimento do primeiro bairro da cidade e a necessidade de uma norma urbanística, que foi feita com mais de 300 artigos. Lá estavam os planos para a cidade do futuro, que o prefeito tanto sonhava.

Publicação da época sobre o plantio das árvores em Campo Grande — Foto: Arca/Divulgação

Publicação da época sobre o plantio das árvores em Campo Grande — Foto: Arca/Divulgação

O Código obrigava o plantio de árvores no terreno e criava condições tributárias para a sua manutenção. Para dar o exemplo, Arlindo Gomes plantou as árvores no canteiro central da avenida Afonso Pena e as regava, diariamente, ao sair do expediente.

Depois, houve a criação de novas quadras e a ferrovia, atraindo novos contingentes populacionais e econômicos.

Na atual Praça Ari Coelho, Arlindo mandou construir o Coreto, em estrutura metálica vinda de São Paulo, lugar de tantas lembranças, por onde passaram bandas e retretas e urbanizar o espaço, com as pérgulas e o calçamento. Os projetos também se estenderam a construção de escolas, ao ensino público.

Atualmente, a administração de Arlindo é considerada revolucionária. Para especialistas, ele era um “juiz de direito que adorava a natureza, mas, que compreendia a importância do urbanismo e do paisagismo para uma cidade, que segundo ele mesmo escreveu em 1936, “ a maior cidade”, numa alusão clara de como seria Campo Grande, 80 anos depois”.

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