Uma em cada três crianças sofrem cyberbullying no mundo. Quem diz isso é a Organização Mundial de Saúde (OMS) em conjunto com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). A prática, que consiste em enfurecer ou envergonhar outras pessoas por meio da Internet, cresceu de forma assustadora durante a pandemia, período em que jovens se concentram de forma massiva no ambiente virtual.
De acordo com a diretora geral da Unesco, Audrey Azoulay, além das sequelas que a Covid-19 está deixando na sociedade, as crianças voltarão para as escolas com receio de continuarem sofrendo bullying em decorrência das experiências negativas que a internet está proporcionando, que inclui a disseminação do ódio gratuito e ofensas contra à honra e integridade da vítima.
“Durante a pandemia de Covid-19 e o consequente fechamento de escolas, vimos um aumento na violência e no ódio online – e isso inclui o bullying. Agora, quando as escolas começam a reabrir, as crianças expressam seus medos em voltar à escola”, disse.
Sobre isso, os indícios da crescente do ódio online já vieram se manifestando desde antes da pandemia. Ainda de acordo com a pesquisa da Unicef, 37% dos estudantes brasileiros revelaram que já chegaram a faltar aula em decorrência do bullying online, principalmente oriundos das redes sociais como o Facebook. Tal dado deixa o país no topo deste ranking, que ainda não tem lei específica que tipifique, criminalmente, este tipo de prática, apesar de poder ser enquadrada como calúnia, injúria ou difamação.
Em conferência, o diretor da OMS, Tedros Athanom, disse que tal prática é inadmissível, principalmente pelo fato de haver leis em vários países que tratam sobre este tipo de assunto. “Nunca há nenhuma desculpa para a violência contra crianças. Temos ferramentas baseadas em evidências para evitá-la, e instamos todos os países a que as implementem. Proteger a saúde e o bem-estar de crianças é fundamental para proteger nossa saúde e nosso bem-estar coletivo, agora e para o futuro”, pontuou.