Na última semana, o pedreiro Antônio Elivelton se deparou com uma situação um tanto constrangedora nas redes sociais. Com o objetivo de divulgar seus serviços, o profissional acabou sofrendo algumas retaliações de internautas em uma postagem que fez em um grupo local. Em decorrência de alguns erros gramaticais, o rapaz teve que lidar com críticas de desmerecimento ao trabalho: “Se você trabalhar como escreve…”, diz um dos comentários.
No entanto, os ataques ao português do pedreiro acabaram sendo ofuscados por uma rede de apoio que se formou nos comentários. Muitos elogiaram o trabalho de Antônio, chegando a fazer até artes gráficas para que ele pudesse usar em divulgações posteriores. “Ele estava oferecendo serviços de pedreiro e não de língua portuguesa. Parabéns, Antônio, pelo talento!”, disse uma internauta.
Procurado pela redação do ContilNet, o pedreiro disse que além das construções com pilares de caixa d’água, ele também trabalha com serviços gerais, construção de muro e assento de piso, que podem ser contratados através do telefone/WhatsApp (68) 99225-2125. Ele comentou também que a rede de apoio que recebeu foi crucial para que ele não apagasse a postagem. Nos comentários, inclusive, ele agradece os elogios das pessoas.
A PRÁTICA JÁ É CORRIQUEIRA
Esta não é a primeira vez que ocorre esse tipo de atitude nos grupos de vendas locais. Outra seguidora também relatou que já chegou a ser atacada por ter publicado algo com uma palavra errada.
“Eu também já fui criticada em um grupo daqui de Rio Branco. Só porque escrevi uma palavra errada, várias pessoas me detonaram, eu fiquei tão para baixo que não queria mais nem pegar no celular e tinha até medo de escrever, mas depois muitas pessoas me defenderam e é isso que nos faz não cair de vez. Eu falo para esse senhor: a escrita nada vale se caráter não é bom, você é uma pessoa trabalhadora e com a colher de pedreiro, escreve lindas artes que vão ficar na história de cada pessoa que você trabalhou. Deus vai te honrar sempre”, escreveu.
Segundo o linguista Marcos Bagno, no livro “Preconceito Linguístico: o que é, como se faz” (1999), não há uma forma “certa” ou “errada” do uso da língua, principalmente se usado apenas o argumento de que o dito “correto” é apenas o escrito com base nas normas gramaticais. Deve-se considerar, por exemplo, o local onde a pessoa está inserida, bem como nível de escolaridade e renda.
A professora Daniela Diana também fala que o preconceito linguístico pode gerar problemas psicológicos. “O preconceito linguístico é um dos tipos de preconceito mais empregados na atualidade e pode ser um importante propulsor da exclusão social”, pontuou.