Uma sexta feira 13 e ainda mais no mês de agosto, apontado, talvez só para fazer rima, como o mês do desgosto, para quem acredita em superstições, seria mesmo um dia de muito azar. Azar ou não, o mês de agosto, na história nacional, é marcado por acontecimentos trágicos, especialmente no campo político.
Foi em agosto de 1976, por exemplo, que o ex-presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira morreu num trágico acidente na Via Dutra, em São Paulo. Também. Foi em agosto de 1961 que o então presidente Jânio Quadros renunciou à presidência da República e mergulhou o País numa das mais graves crises institucionais de sua história. Foi em agosto, em 1954, que o então presidente Getúlio Vargas matou-se, com um tiro no coração, no Palácio do Catete.
No campo artístico, nunca é demais lembrar a morte súbita da intérprete brasileira mais conhecida no exterior, Carmen Miranda, que ocorreu em agosto, de 1955. Foi em agosto, agora em 2021, que partiram, para o outro lado da vida, os consagrados atores Paulo José e Tarcísio Meira, que foram ícones da teledramaturgia do país, para ficar só nesses exemplos.
Se o mês de agosto é mesmo de desgosto, a situação fica bem pior quando ele traz, em si, como hoje, uma sexta-feira 13. Cientificamente, a cisma com a data chama-se parascavedecatriafobia, que se traduz com o medo, sensação de azar – a mesma coisa relacionada a gatos pretos e medo de não passar por baixo de escadas.
A mística se repete sempre que o 13º dia do mês cai no sexto dia da semana. Em agosto, há quem ache a situação ainda mais macabra e que há uma combinação perfeita para problemas. Na data de hoje o termo “Sexta-feira 13” já é o mais comentado do Twitter, ocupando as duas primeiras posições no Brasil.
A cisma da humanidade com o número 13 se relacionaria com cristianismo. É que o discípulo Judas Iscariotes que, segundo o conhecimento religioso, traiu Jesus Cristo, foi o 13º homem a sentar-se à mesa na Santa Ceia, a última vez em que o Filho de Deus reuniu-se com seus discípulos. E numa sexta-feira…
A mitologia grega conta também uma história em que um certo Loki, o deus das travessuras e trapaças, perturbou um jantar no Valhalla, um local paradisíaco da mitologia. Loki foi o 13º participante no evento e tirou a paz dos presentes. “Zombou, cuspiu, fez travessuras”, conta a história. No fim, os outros 12 deuses presentes se confrontaram em um grande confusão e um deles, Baldur, morreu.
Há, no entanto, quem atribua o medo ao dia 13 de outubro de 1307, uma sexta-feira, quando os cavaleiros templários foram presos pelo Filipe IV da França. Muitos prisioneiros foram posteriormente queimados, como o grão-mestre dos templários, Jacques de Molay, em frente à Catedral de Notre Dame. Molay teria amaldiçoado todo mundo antes de morrer. Jogou praga para a humanidade inteira.
Mas, e quem convive com o número 13 como instrumento de trabalho, como é o caso dos militantes do PT, cujo número de registro junto á Justiça Eleitoral é exatamente aquele temido por muita gente? “Não conheço a origem do 13 como o número do nosso Partido”, disse o presidente regional da sigla, Cesário Braga. “Creio em mera coincidência no ato de registro”, afirmou.
Do ponto de vista da cisma que muita gente teme em relação á data de hoje, o político disse: “Não julgo ninguém por suas crenças e superstições. É uma escolha de cada um”.
Para os evangélicos, o dia de hoje é apenas mais um em que as forças do mal continuam a trabalhar. “O mal trabalha todos os dias, independente das datas. Quem crê em Deus, como nós, não crê em superstições. Para nós, a sexta-feira 13, ainda que em agosto, é um dia abençoado e igual a outro, em que é preciso orar e vigiar, como é necessário fazer todos os dias”, disse o pastor Tércio Macambira, da Igreja Pentecostal Deus Vivo.
A Igreja Católica tem posicionamento parecido. De acordo com o padre Máximo Lombardi a Igreja não concorda com as crendices e com o medo que os supersticiosos querem impor às pessoas por causa da data e acha que isso está mesmo ligado à Santa Ceia e às 13 pessoas em volta dela, na última reunião de Cristo com seus seguidores. “É só mais um dia, como tantos na vida das pessoas”, disse o padre.
O umbandista Dario Barros, o “Dário Oxossi”, falando em sue próprio nome e não do terreiro ao qual pertence, disse que não é dia de azar ou de sorte. “O maior azar de um ser humano é a morte. Mas nós achamos que o orixá da morte faz parte a vida”, disse.