Acidente com avião da Gol, que saiu de Manaus, completa 15 anos

O acidente com o avião da Gol que matou 154 pessoas faz 15 anos nesta quarta-feira (29). O voo 1907, que partiu de Manaus para o Rio de Janeiro, com escala em Brasília, foi atingido por outro jato e caiu. Todos os ocupantes da aeronave morreram

Um dos passageiros a bordo do Boeing 737-800 da Gol era o piloto Gustavo André, de 42 anos. Natural de Campinas, em São Paulo, ele era piloto de helicóptero e trabalhava em Manaus no setor de transportes de uma empresa de petróleo.

“Quando ele estava subindo na escada do avião, ele ligou para minha mãe, porque era aniversário da minha mãe: ‘Ó mãe, estou indo no avião agora, fiz um esforço’. Ele sempre perdia esse voo. Aquele dia, ele conseguiu”, contou o irmão de Gustavo, Wagner Cabrerizo.

“A gente estava assistindo à televisão, e vimos um avião que estava desaparecido. Algumas horas mais tarde confirmou-se a lista de passageiros. E aí o mundo caiu, né, cara”.

Ao todo, 154 pessoas estavam no voo 1907, que decolou do Aeroporto Internacional de Manaus naquela tarde. Eram tripulantes e passageiros, que foram vítimas de um dos maiores acidentes aéreos da história brasileira e que não deixou sobreviventes.

O avião que saiu do Aeroporto Eduardo Gomes faria escala em Brasília e tinha como destino o Rio de Janeiro.

Mas antes do primeiro destino, o avião se chocou com um jato Legacy, que tinha saído de São José dos Campos, no interior de São Paulo e seguia para os Estados Unidos. A asa do jatinho arrancou parte da asa do Boing.

O Legacy conseguiu pousar na base aérea da Serra do Cachimbo, entre Pará e Mato Grosso. Já o avião da Gol caiu perto do município de Peixoto de Azevedo, no norte mato-grossense.

O desaparecimento do avião da Gol só foi confirmado quase cinco horas depois do último contato dos pilotos com a torre da aeronáutica. Os primeiros destroços da aeronave foram localizados no dia seguinte após o acidente. O corpo de Gustavo foi um dos últimos a serem identificados.

“Era uma pessoa muito boa. Para onde ia, fazia amigos. A gente era muito apegado, até hoje, faz muita falta”, afirma Wagner.

Em dezembro de 2008, um relatório da Força Aérea Brasileira concluiu que o acidente foi causado por falhas dos pilotos norte-americanos que comandavam o jato Legacy. A aeronáutica concluiu que o transponder do jato, que é um equipamento que poderia ter acionado o sistema anticolisão, estava desligado.

Ainda durante a apuração do caso, o Ministério Público Militar denunciou cinco controladores de voo por não seguirem os procedimentos de segurança. Segundo a FAB, quatro deles foram absolvidos por falta de provas.

Os pilotos Joseph Lepore e Jean Paul Paladino foram condenados a três anos de prisão em regime aberto. O Ministério da Justiça chegou a emitir a intimação, mas o Departamento de Justiça norte-americano afirmou que os Estados Unidos não possuem mecanismos para aplicar a sentença brasileira. Para a Justiça brasileira, eles são considerados foragidos.

Em 2010, o controlador de voo Jomarcelo Fernandes dos Santos foi condenado a um ano e dois meses de detenção por homicídio culposo, que é quando não há intenção de matar. Na época, o juiz afirmou que ele não tinha experiência na função. Já na Justiça Federal, o militar Lucivando Tibúrcio de Alencar foi condenado a três anos e quatro meses de prisão em regime aberto. Na sentença, o juiz disse que ele não ativou as frequências de contato entre o jato Legacy e o centro de controle. A FAB informou que ele já voltou a trabalhar.

Procurada, a Gol informou que não vai comentar sobre o assunto. A Rede Amazônica não conseguiu contato com os advogados dos pilotos americanos que comandavam o jato Legacy.

 

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