Imagens aéreas mostram ‘resto’ de casa consumida por fogo, árvore ‘sobrevivente’ e animal carbonizado no Pantanal

Imagens aéreas feitas pelo biólogo e produtor audiovisual Luiz Mendes, de 27 anos, mostram o “resto” de uma casa consumida pelo fogo, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Ela pertencia ao ribeirinho Antônio Caetano Alves, que morou 40 anos às margens do Rio Paraguai e resumiu como “um filme de terror” o que está passando.

“Eu fui lá por 7 dias em uma expedição e fiz esses registros no último sábado (25), onde gravamos um documentário apontando que os incêndios levam as espécies a vulnerabilidade e depois extinção. Na casa do seu Caetano, já tive um impacto. Ainda não sabia da história dele e depois, quando vi tudo queimado e devastado, foi algo muito triste”, afirmou ao g1 Luiz.

Imagem aérea mostra o que sobrou da casa de ribeirinho no Pantanal de MS — Foto: Luiz Mendes/Divulgação

Imagem aérea mostra o que sobrou da casa de ribeirinho no Pantanal de MS — Foto: Luiz Mendes/Divulgação

Durante a gravação, seu Caetano retornou para o local e ficou emocionado ao ver o que sobrou da casa dele. “Ele estava muito emocionado, muito triste mesmo e nos contou que sobrevivia de iscas há 40 anos. Também falou que comprava material de construção em Corumbá e ainda tinha um gasto enorme com os freteiros, que levavam a carga em um local de difícil acesso e isso fazia o valor da casa dele ficar ainda maior”, comentou o biólogo.

Mesmo com as dificuldades, de acordo com Luiz, o seu Caetano agradeceu o fato da esposa e o casal de filhos terem sobrevivido ao fogo. “Eles estão em uma tenda agora e o seu Caetano diz que pretende reconstruir a casa. Ele falou que o fato do fogo ter sido durante o dia fez com que, em uma hora e meia, eles conseguissem escapar e as chamas então consumiram tudo”, relembrou.

Solo rachado no Pantanal sul-mato-grossense — Foto: Luiz Mendes/Arquivo Pessoal

Solo rachado no Pantanal sul-mato-grossense — Foto: Luiz Mendes/Arquivo Pessoal

Ao continuar com a expedição no Rio Paraguai, passando pela região da Serra do Amolar, a cerca de 500 km de Corumbá, o biólogo comentou que presenciou o rastro de destruição. “Tinha uma baia, que é uma região alagada e que faz interligações com o Rio Paraguai. Lá estão dizendo que a seca é histórica e eu presenciei o solo todo rachado, o cheiro de lama, peixes agonizando, moscas e muitas carcaças de bichos mortos”, alegou.

Além do impacto com a seca, Luiz conta que a questão social também foi muito forte durante a expedição pantaneira. “Nós fomos até uma casa e ajudamos no resgate de uma senhora. A idosa teve o instinto e molhou a casa dela ao redor e por isso não queimou. O cachorro dela não sobreviveu e os bombeiros enterraram ele lá. Durante a noite, eles fizeram um cálculo e falaram que foram 35 km de fogo. Era algo pavoroso na região da Pimenteiras e lá falavam que parecia o fim do mundo”, comentou.

Veja mais imagens feitas pelo biólogo e produtor audiovisual no Pantana de MS:

Biguá que não sobreviveu ao 'paredão' de 35 km de fogo em MS — Foto: Luiz Mendes/Arquivo Pessoal

Biguá que não sobreviveu ao ‘paredão’ de 35 km de fogo em MS — Foto: Luiz Mendes/Arquivo Pessoal

Árvore sobrevivente em meio ao fogo no Pantanal de MS — Foto: Luiz Mendes/Arquivo Pessoal

Árvore sobrevivente em meio ao fogo no Pantanal de MS — Foto: Luiz Mendes/Arquivo Pessoal

Detalhe da casa do seu Caetano em meio ao rastro de destruição — Foto: Luiz Mendes/Arquivo Pessoal

Detalhe da casa do seu Caetano em meio ao rastro de destruição — Foto: Luiz Mendes/Arquivo Pessoal

Bombeiros calcularam 35 km de fogo ao fazer combate no Pantanal de MS — Foto: Luiz Mendes/Arquivo Pessoal

Bombeiros calcularam 35 km de fogo ao fazer combate no Pantanal de MS — Foto: Luiz Mendes/Arquivo Pessoal

Mesmo local em dezembro de 2018 e setembro de 2021 — Foto: Montagem/Luiz Mendes

Mesmo local em dezembro de 2018 e setembro de 2021 — Foto: Montagem/Luiz Mendes

Peixes agonizando no Pantanal de MS — Foto: Luiz Mendes/Arquivo Pessoal

Peixes agonizando no Pantanal de MS — Foto: Luiz Mendes/Arquivo Pessoal

Operação Hefesto

O tenente-coronel Vandner Valdivino Meirelles, comandante da Operação Hefesto, ressaltou que “muitos homens” foram deslocados para a região de Porto Esperança, em Corumbá, na manhã desta sexta-feira (1°).

“A situação lá está bem grave e a nossa preocupação é com a comunidade, então, vamos manter um flanco de combate a leste e outro flanco mais ao sul. Vamos saturar aquela região com 42 homens, sendo que temos ainda mais 12 brigadistas do SOS Pantanal. Vamos todos somar forças. Vamos todos trabalhar juntos com a comunidade para vencermos aquela situação”, comentou.

Militares enviados para o combate ao fogo na região de Porto Esperança — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação

Militares enviados para o combate ao fogo na região de Porto Esperança — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação

Ainda de acordo com Meirelles, seis aeronaves vão trabalhar na região jogando jatos de água. “Se as condições climáticas permitirem, vamos fazer um alijamento de água maciço. É a nossa prioridade número um manter a integridade da comunidade daquela região”, finalizou.

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