A realização do Fórum Mundial de Bioeconomia, que se encerra nesta quinta-feira (21), em Belém, no Pará, não foi recebida com satisfação pelo líder indígena do povo Ashaninka do rio Amônia, em Marechal Taumaturgo, interior do Acre, Francisco Piyãko. Ele disse que, no mês passado, participou de uma mesa redonda organizada pelo Governo do Pará e pela organização do Fórum e alertou que o evento, se fosse realizado sem a participação dos povos da floresta, não haveria legitimidade nas discussões sobre a bioeconomia.
“Infelizmente vimos o Fórum Mundial de Bioeconomia sendo realizado em Belém, sem a participação efetiva dos povos da floresta entre os debatedores e palestrantes”, criticou o líder indígena. “Os Povos da Floresta têm um modo de pensar muito diferente destes grupos que vêm em nome de uma nova economia, fazer o uso dos recursos da floresta com essa palavra bonita chamada bioeconomia. Muitas empresas querem continuar usando os recursos da Amazônia sem medir os limites”, acrescentou.
De acordo com o líder indígena, a floresta tem sua capacidade de gerar economia, “mas impor esse modelo capitalista de uso dos recursos não vai dar sustentabilidade”. Segundo Pìyãko, o pensamento dos organizadores do Fórum não é fazer o uso do que a Amazônia pode oferecer. “É, isso sim, explorar, destruir, acabar e passar por cima de todos os valores que estão aqui, somente por dinheiro. As consequências vão ser muito grande e a própria natureza vai reagir a isso. Já sentimos o meio ambiente mudar”, denunciou.
Francisco Pìyãko disse ainda que, “sem a participação dos povos da floresta, indígenas, extrativistas e ribeirinhos, quem vai ser dono do negócio são as empresas”. E acrescentou: “Nós sabemos como empresas nos trataram no passado e nos tratam no presente, ainda”.