Pelo menos duas armas do fazendeiro Heladio Cândido Senn, de 73 anos, morto e torturado em uma chacina há um mês em Vilhena (RO), foram recuperadas pela Polícia Civil em uma área de conflito agrário no município de Chupinguaia (RO) nesta quinta-feira (18).
À Rede Amazônica, os delegados Núbio Lopes e Fábio Campos afirmaram também ter reconhecido outros acessórios que foram levados da fazenda onde houve a chacina, como roupas e calçados pertencentes a Sônia Biavatti, esposa de Heladio, que também foi assassinada junto de outros três funcionários da fazenda.
Os itens foram encontrados em uma área de conflito agrário de Chupinguaia, no sul do estado, após os policiais irem ao local investigar um homicídio que aconteceu na ultima terça-feira (16), quando um homem matou a tiros o próprio genro.
Por causa desse assassinato, os agentes se deslocaram até a área de conflito e prenderam diversas pessoas por porte ilegal de arma de fogo. Foi nessa alção que eles acabaram encontrando os objetos de Sônia e as armas de Heladio, conhecido Nego Zenn.
De acordo com a polícia, várias pessoas foram ouvidas e os familiares de Nego Zenn e Sônia Biavatti reconheceram os objetos.
A caminhonete do casal fazendeiro, que também foi levada no dia do chacina, ainda não foi encontrada.
Chacina completou um mês
A chacina que chocou o estado de Rondônia aconteceu no dia 13 de outubro e, um mês depois, nenhum suspeito do crime foi preso.
Segundo a polícia, no dia do crime, a fazenda de Heladio e Sônia foi cercada por vários bandidos armados e nenhuma das vítimas viu eles se aproximando.
Além de Heladio Cândido Senn, 73 anos, e a esposa Sônia Biavatti, 55, foram mortos os funcionários Oederson Santana, 34, Jhonatan Rocha Borges dos Reis, 21, e Amagildo Severo, de 53.
A polícia informou ainda que o corpo do fazendeiro Heládio apresentava várias lesões, principalmente no peito.
Após ter a fazenda invadida, Heladio foi levado pelos suspeitos para uma sala separada e lá foi torturado.
Já a esposa de Heládio e os três funcionários foram levados para a varanda da casa, colocados de joelho e executados com tiros na nuca.
Após executarem as cinco vítimas, os criminosos armados e encapuzados fugiram levando a caminhonete de Heladio e outros objetos da família
Depoimentos
A Polícia Civil já ouviu várias pessoas ao longo da investigação, incluindo os sobreviventes do massacre.
Pelo menos cinco pessoas teriam sido poupadas na chacina da fazenda, sendo a esposa de um dos funcionários, duas crianças, e outros dois homens que estavam na propriedade.
Esses sobreviventes contaram, em depoimento, que os criminosos sabiam quem iriam matar, pois perguntaram os nomes das vítimas antes de atirar à queima-roupa. As pessoas mortas foram atingidas com tiros na cabeça e os corpos também tinham requintes de crueldade.
A polícia tem certeza que o crime foi planejado e não se descarta uma possível vingança, já que a mesma fazenda foi alvo de outra chacina em 2015.
Como foi a 1ª chacina na fazenda?
Em 2015, cinco pessoas também foram mortas na mesma fazenda. Na ocasião, um homem foi atingido com um tiro nas costas. Ele fingiu que estava morto, sobreviveu e ajudou à Polícia Civil nas investigações do crime.
Segundo a polícia, o crime teria sido motivado por uma disputa de terras.
Na época, os suspeitos atearam fogo no local onde as vítimas se abrigaram para escapar dos tiros. O sobrevivente disse que em seguida os homens foram embora, mas três dos cinco mortos foram queimados vivos.
Ainda segundo Fábio Campos, não se pode afirmar neste momento que essa nova chacina da fazenda Vitória tem ligação com o crime de 2015.