Em 22 de setembro de 1975, Sara Jane Moore tentou matar o então presidente americano Gerald Ford. Uma ampla investigação feita, durante meses, comprovou que ela agiu sozinha. O país foi revirado atrás de cúmplices, que não existiam. Sara Moore, hoje com 90 anos, está em liberdade condicional há pouco tempo. Quando John Hinckley Júnior tentou matar Ronald Reagan, em 30 de março de 1981, os Estados Unidos foram revirados de cima abaixo, atrás de eventuais cúmplices e a possibilidade, não abandonada durante anos, de que o criminoso agiu sozinho. Era um doente mental que agiu como lobo solitário. Também está vivo e tem a liberdade tolhida. Em ambos os casos, todos os órgãos nacionais de investigação foram mobilizados. Em 6 de setembro de 2018, o candidato a Presidente da República do Brasil, Jair Bolsonaro, foi atacado com uma violenta facada no estômago. O criminoso, Adélio Bispo, foi preso em flagrante. Pouco depois, um grupo de advogados, entre os mais caros do País, apareceu para defender o réu. Duas investigações da Polícia Federal, feitas em tempo recorde, concluíram que Bispo agiu sozinho. A Justiça Federal, numa decisão surpreendente, acatou todos os argumentos da defesa, considerou o réu doente mental, mandou interná-lo numa instituição psiquiátrica, isolado e, mais que isso, determinou o fim de todas as investigações sobre o caso. Havia – e ainda há – dezenas de perguntas não respondidas. Ao contrário dos casos envolvendo políticos de proa dos Estados Unidos, aqui sobraram perguntas sem respostas.
Mais de três anos após a prisão inusitada do homem que tentou matar Bolsonaro, o TRF da Primeira Região, decidiu que o caso da tentativa de assassinato deve ser reaberto. Mais que isso, autorizou que sejam utilizadas provas cruciais, com a derrubada dos sigilos bancários e dos celulares dos advogados de defesa de Bispo. Até agora, tais medidas estavam proibidas, sob argumento da proteção do sigilo entre advogados e cliente. Os representantes legais de Bolsonaro comemoraram e continuam acusando (sem provas até agora) grupos esquerdistas de terem criado um conluio para matar Bolsonaro, considerando que Adélio Bispo teve apoio destes grupos para executar o plano. A reabertura do caso, por enquanto, não quer dizer nada. Mas ao menos servirá para acabar com todas as dúvidas, deixadas no ar durante a rápida investigação inicial e o impedimento de que perguntas importantes fossem respondidas, principalmente sobre quem contratou e pagou os caríssimos advogados que defenderam Bispo, um pobre coitado, sem qualquer segurança financeira. A Polícia Federal vai decidir ainda se vai e quando vai recomeçar a tratar do assunto. Lá na frente, com todas as respostas que certamente surgirão, vamos ter certeza absoluta se Adélio Bispo agiu sozinho, como os que tentaram matar Ford e Reagan ou se houve algum conluio. A História não pode ficar com dúvida alguma sobre o que realmente aconteceu!
FALTA SÓ LIBERAÇÃO DA JUSTIÇA PARA QUE EX-FUNCIONÁRIOS DO GONÇALVES RECEBAM TUDO A QUE TÊM DIREITO
Seis meses depois do leilão de 58 bens do antigo Supermercado Gonçalves, que faliu em 2019, a burocracia impediu, ao menos até agora, que as dezenas e dezenas de ex-funcionários recebam todos os valores a que têm direito. O dinheiro arrecadado é suficiente para quitar todos os compromissos, mas os valores estão numa conta judicial, já que até agora não foram liberados para que os trabalhadores tenham um bom Natal e entrem o ano novo com seu dinheiro no bolso. O empresário José Gonçalves, que comandou o grande grupo do nosso comércio e seus familiares estão ansiosos, querendo fazer todos os pagamentos necessários aos colaboradores que têm valores a receber. Toda a dificuldade do Gonçalves, atingido em cheio pela crise de 2016 e da qual jamais conseguiu se recuperar, acabou resultando numa injustiça contra um dos membros da família, o hoje chefe da Casa Civil do governo do Estado, Júnior Gonçalves. Ele nunca havia participado da administração da empresa, mas o fez na reta final, na tentativa de ajudar seu pai e familiares a superarem a crise e salvarem a empresa. Como era um personagem muito conhecido, Júnior acabou sendo apontado como o responsável pela falência, algo absurdo e que nada tem a ver com a verdade. Agora, para se ter um ponto final no assunto do Supermercado Gonçalves, falta apenas que o pagamento seja homologado pela Justiça ainda neste ano.
GARIMPAGEM NO MADEIRA: ABUNDÂNCIA DO OURO PRECISA DE FISCALIZAÇÃO E CONTROLE
O que fazer com tantas balsas, tantos garimpeiros e tanto ouro que ainda abundam no rio Madeira? Os órgãos de fiscalização – principalmente o Ministério Público Federal – exigem que a invasão, que pode causar graves danos ao rio Madeira, como o que tem ocorrido durante vários anos, seja combatida pelos órgãos governamentais. O vice-presidente da República, general Mourão, falando sobre o tema, disse que a Polícia Federal e a Marinha preparam uma ação na região do rio Madeira, no Amazonas, perto da cidade de Audazes, em direção a Manaus, novamente invadida por grande número de embarcações. Mourão fez questão de afirmar que todos os garimpeiros ilegais serão retirados, mas que há os que trabalham legalmente na área, deixando subentendido que nem todos serão atingidos pela operação. A verdade é que o Madeira é um dos rios mais auríferos do mundo. A corrida do ouro, nos anos 70, foi o que fez Porto Velho e Rondônia darem um salto de crescimento, com todas as danosas consequências ambientais. A questão é que uma legislação antiquada, que atende interesses que muitas vezes não são os nacionais, precisa ser modificada, permitindo o garimpo, mas controlado rigorosamente pelo Estado, impedindo o uso de produtos que destroem o meio ambiente, como o mercúrio, por exemplo. Até lá, continuaremos nesta situação complexa, em que a garimpagem ilegal jamais é contida.
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