O mundo ficou chocado com a decisão do presidente da Coreia do Norte, Kim Jong-un no dia 17 de dezembro. Ele determinou que, por um período de 11 dias, os cidadãos não demonstrassem sinais de felicidade, nem sorrir, nem praticar o lazer, nem festejar nada. O motivo? seria em razão do período do 10º aniversário de morte de seu pai, Kim Jong-il, que comandou o país de 1994 a 2011. Luto oficial.
A Coreia do Norte é oficialmente chamada de República Popular Democrática da Coreia (RPDC). Eles se identificam como um Estado socialista autossuficiente. Essa ideologia foi estabelecida em constituição, em 1972. É considerada uma ditadura comunista stalinista e autoritária, tendo em vista o culto à personalidade e à família do ditador.
O regime implantado pelo ditador Kim é de um Estado comunista, com ideais marxista-leninistas. Isso significa que, em tese, deveria criar um Estado com partido único, identificando as contradições entre as classes da sociedade, buscando a libertação dos trabalhadores e dos povos oprimidos, para construir socialismo e o comunismo. Assim, implantariam a ditadura do proletariado. Pelo menos teoricamente. O regime possui fazendas coletivas e os meios de produção são controlados pelo Estado.
O que aconteceu com os ideais de Marx e Lenin e sua teoria da práxis social rumo a emancipação dos povos oprimidos? teria os regimes socialistas e comunistas fracassado, ou simplesmente a teoria se distancia da prática a partir do momento que se estabelece – na Ásia – centros de comando, com um culto à personalidade? Enquanto se lutou para sair das amarras impostas pela União Soviética e pela China, a Coreia do Norte sacudiu a poeira e acabou implantando sua própria ditadura personalista. Será que por lá há mesmo motivos para sorrir ou comemorar?
Com o regime, buscam a libertação do demônio do capitalismo e o empoderamento das classes menos favorecidas, ao mesmo tempo que impõe uma escravidão devastadora aos direitos civis, aos direitos humanos, bem como às liberdades individuais e coletivas. Privam até mesmo o mínimo direito, o de se manifestar com expressões de alegria e festa, mesmo que por um curto período.
Fico imaginando o quanto isso seria inconcebível para os latinos americanos, principalmente para os brasileiros. Por esses trópicos, tudo é motivo de festa e piada. Aqui, se faz piada de si mesmo, comédia com fatos trágicos, festas e Carnaval, mesmo o povo passando por crises sanitárias, políticas e econômicas. Mas, além disso, por aqui muitos também gostam de venerar ditadores históricos e políticos corruptos como semideuses. Temos que rir para não chorar.
Privar de sorrir, festejar e beber álcool por aqui seria uma aterrorizante tortura, principalmente no venerado Carnaval. Aqui, com as ondas de assalto, em vários estabelecimentos vemos uma placa: “sorria, você está sendo filmado”. Porém, na Coreia do Norte, poderiam até implantar versões semelhantes de placas de advertência, porém escrito: “não sorria, você está sendo filmado”.