Com deputados insatisfeitos, investimentos para Saúde no orçamento de 2022 provoca intenso debate

O repasse para a Saúde, previsto na Lei Orçamentária do ano que vem, enviada pelo Governo para a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), não deixou os deputados satisfeitos. A discussão na audiência pública ocorrida na manhã desta segunda-feira (13), foi levantada em torno da necessidade de valorização da categoria. Os deputados acreditam que é necessário que a Lei traga uma previsão de reajuste para esta e outras categorias e devem apresentar emenda.

“A Saúde é um setor que enfrentou muita dificuldade e as negociações com o Governo não avançaram. O servidor está finalizando o ano sem valorização, tendo que fazer paralisação para que tenha algum reconhecimento, pelo menos uma reposição básica. É lamentável”, avaliou o vice-presidente da Aleac, deputado Jenilson Leite (PSB).

Presidindo a audiência pública, o deputado Neném Almeida (Podemos) concordou com Jenilson. “Não concordo em dizer que não temos o que fazer pela Saúde. Eles são os heróis. Quando se quer, se faz e essa é a hora”, pontuou.

Vítima da Covid-19, Elizaudo é um dos trabalhadores da Saúde, que atuava como técnico de laboratório, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do segundo distrito, durante o período mais crítico da pandemia, que hoje enfrenta as sequelas da doença, se emocionou ao relatar sua luta contra a doença.

Ficando entubado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por 16 dias, ele teve duas paradas cardíacas e os rins paralisados após deixar a UTI. Sua alta só veio dois meses depois e mesmo assim, ele saiu do hospital em uma maca. “Eu sentia que eles fizeram aquilo [dar alta], para que fosse morrer em casa”, disse com lágrimas nos olhos. “Mas Deus foi maior”, testemunhou durante a audiência pública.

A recuperação foi lenta, ele demorou “quatro meses para voltar a anadar. passei 1 ano e quatro meses para tentar me recuperar. quando fui vacinado veio o decreto que os vacinados deveriam voltar a trabalhar, recebi um atestado que não tinha condições físicas e mental para voltar a trabalhar, mas eu precisava, pois foram cortadas todas as minhas gratificações e minha família depende de mim”, disse.

“Peguei síndrome do pânico, não consigo dormir, pois até hoje ouço os barulhos dos aparelhos de UTI, tomo remédios até hoje, mas tive que voltar a trabalhar, porque minha família depende de mim e meu salário não cobre as despesas da minha família, vivia de doação dos meus amigos, mas já tive três crises de pânico dentro da UPA”, conta.

Tenho muito orgulho dos nossos colegas, depois de tudo o que passaram, no dia que o Governador entra em uma unidade é muito bem recebido.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado do Acre (Sintesac), Adailton Cruz, disse que a categoria pede socorro aos deputados. “Mesmo que a Lei de responsabilidade veda a reposição salarial, faz de forma escalonas, se a gente quer realmente mostrar que valoriza a saúde, vamos dar uma etapa alimentação mais alta, mostrar que esse governo valoriza nossos colegas que hoje estão passando fome. Estamos aqui para pedir a essa casa: ajude esse povo que precisa, a saúde não é melhor que outras categorias, o que queremos é apenas o tratamento igual, queria ter o salário igual ao da segurança. Ganhamos auxílio Covid pois fomos para a rua sangrar. Vamos aos plantões tristes, pois sabemos que no outro dia não conseguimos colocar a água e a comida para nossos filhos”, disse Adailton.

O secretário estadual de Planejamento, Ricardo Brandão, disse que o Estado busca encontrar uma solução para dar o aumento no salário que faça a reposição inflacionária, mas está fazendo com “responsabilidade, de modo a não gerar expectativas”.

Segundo ele, o governador Gladson Cameli tem sido sensível às reivindicações da Saúde, no entanto, “algumas demandas estão impedidas legalmente”. “Tenham certeza que se possível elas seriam atendidas de pronto e tão logo a gente consiga superar essa dificuldade no limite prudencial, vamos fazer o reconhecimento de todas as categorias”, garantiu.

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