A desastrosa saída dos Estados Unidos do Afeganistão trouxe uma série de mudanças e consequências no cenário geopolítico mundial. Entenda como um país pobre e com uma história conturbada impactou o mundo e alterou a geopolítica mundial.
O Afeganistão é um território milenar, conhecido como o “cemitério de impérios”, por ter sido palco de batalhas por diversos invasores durante a história, tendo todos eles desmoronado. Nem Alexandre, o Grande, escapou da derrota ali, assim como os impérios Persa, Turco-Otomano, Mongol, Soviético, Britânico e agora o Norte Americano.
O Império Britânico, no entanto, através dos rebeldes comunistas locais e o apoio da Rússia soviética, teve que deixar o país e concedeu sua independência. A União Soviética, após o golpe de 1978 invadiu o país com a intenção de manter o comunismo no poder. Os Estados Unidos e CIA, então, apoiam a formação do Talibã, um grupo radical islâmico fundamentalista sunita e nacionalista, que ocupou o Afeganistão de 1996 a 2001. A intenção era combater o avanço comunista da Rússia e sua influência no mundo.
Os Estados Unidos ocuparam o Afeganistão desde 2001. Após 11 de setembro, vão em busca de Osama Bin Laden, da organização terrorista Al-Qaeda. Após 20 anos de investimentos bilionários, fornecimento de armas e treinamento militar na região, saem em retirada, com uma insígnia de fracasso ante a guerra contra o terrorismo. Saíram sob a acusação de abandonar o Afeganistão ao seu destino, entregue às ruínas.
Uma das consequências dessa precipitada retirada foi a da tomada do país pelo Talibã. Eles têm ameaçado, assassinado ou prendido familiares de civis considerados suspeitos. Controlam o caminho para o aeroporto, nas principais vias de Cabul e cidades próximas, como também, violam os diretos humanos, negando às mulheres o direito de trabalhar e as escolas para meninas foram fechadas. Porém, de forma hipócrita, fazem discursos de moderação para a mídia internacional. O terrorismo ganha força.
Outro impacto foi de os Estados Unidos perder a posição de superpotência global e a China assumindo claramente a posto de potência número um do mundo. O recado foi muito claro: Pequim não tem medo de Washington, ainda mais quando se trata de buscar seus interesses históricos e econômicos. A presença e apoio da China, bem como da Rússia e Turquia ao movimento do Talibã entra em disputa. Um claro jogo de interesses econômicos, um inescrupuloso e aberto leilão.
Outra consequência foi a queda do preço do petróleo mundial. Conflitos globais alteram o mercado de commodities. Dois dias após a tomada de Cabul, o preço do barril caiu a aproximadamente 4%. Esse conflito entrou para a lista de problemas globais a serem monitorados por investidores financeiros. A China, que faz fronteira com o Afeganistão, na província de Xinjiang, já sentiu o impacto em seu mercado interno. Os Estados Unidos, no entanto, estão tentando “reparar” o erro, buscando mais benefícios do que defender o interesse interno do país.
O aumento nos preços dos combustíveis, na semana do controle do Talibã, só mostra o quanto os problemas globais afetam a vida de populações inteiras. O Terrorismo é um grave câncer, que tinge até mesmo o preço dos combustíveis, muito mais de países em desenvolvimento, como o Brasil. O Talibã pode até ter mexido nas peças do jogo global. Que não mexam no nosso bolso!