A modelo campo-grandense Kellyne Siqueira, de 29 anos, procurou a Polícia Civil, na segunda-feira (6), para denunciar o dono de uma agência de modelos contra assédio. Segundo ela, o responsável pela empresa, que também atua como fotógrafo, mantinha a câmera de um notebook ligada e posicionada para o local onde trocas de roupas eram realizadas.
Em seu perfil oficial nas redes sociais, a modelo, com mais de 10 anos de profissão, e que mantinha parceria com a agência denunciada há pelo menos seis, detalhou o flagrante. Para ver o vídeo CLIQUE AQUI.
“Para entenderem, tem o escritório da agência, tem uma porta com trinco e o estúdio onde a gente faz as fotos e também se troca. Fiz várias trocas de roupa, tirei várias fotos. Observei um detalhe, tinha um notebook ali, perto de onde a gente troca de roupas. Ele estava ligado, tocando música, até aí ok, a gente sempre toca durante ensaio. Daí eu observei um detalhe, do lado da câmera, tinha uma luz verde ligada, desconfiei na hora”.
Após a desconfiança, a modelo conta ter se aproximado do computador com a intenção de entender o que estava acontecendo. “Não deu outra. Abri a barrinha, tinha um icône de câmera e, assim que eu cliquei, apareceu uma tela com a minha ‘cara’. Por que? Estava sendo gravado. Isso mesmo, desde a hora que eu cheguei, era uma gravação de uma hora e pouco, deu para ver o dono da agência ajeitando câmera, saindo e, logo após, eu chegando, entrando no estúdio, as trocas de roupa. Estava tudo nessa gravação” detalha.
Com o celular e a ajuda da irmã, que estava acompanhando a modelo na sessão, Kellyne conseguiu registrar que estava sendo filmada sem consentimento.
“Ela pegou meu celular e começou a gravar a tela do notebook. Eu fui passando o vídeo e ela gravando tudo, falando o que estava acontecendo. A gente passando muito medo, só estava eu, minha irmã e minha filha, e o dono da agência, no local”, relatou.
Com a prova em mãos, a modelo ligou para assessora, que acionou a Polícia Militar. “Eles chegaram muito rápido, deu tempo apenas de fazer mais uma troca de roupa e umas três fotos. A sensação era de estar sendo salva”.
Kellyne, a irmã, sua filha e também o dono da agência foram encaminhados à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, onde o caso foi registrado como registro não autorizado da intimidade sexual. As imagens gravadas pela vítima também foram entregues à polícia.
Ainda assustada, Kellyne conversou com o g1, nesta quinta-feira (7). “Fiquei muito nervosa, ainda estou meio chocada com a situação e mais preocupada porque a agência tem muito menor de idade, crianças. Eu sou mãe e fiquei muito preocupada”, revelou.
Sobre o fato da câmera do notebook estar ligada e gravando a mais de uma hora, a modelo contou que o dono da agência chegou a justificar para a polícia que o conteúdo seria usado no making-off. “Com nudez? Making-off grava onde a modelo está, detalhes do ensaio, mas no vídeo dá para ver que estava posicionado, nem aparece o estúdio”, denuncia Kellyne.
Após a exposição do ocorrido, a modelo conta ainda que outras profissionais e mães de modelos entraram em contato para reforçar o uso do notebook em outras sessões. “Então, tenho certeza que não foi só comigo. Fico preocupada em saber qual era finalidade”, diz.
A reportagem tentou contato com o proprietário da agência de modelos denunciada por Kellyne, mas nenhuma das ligações foram atendidas. O g1 também procurou a Polícia Civil, que só deve comentar o caso nesta quarta-feira (7).