Narciso Mendes: ‘O presente colapso não foi acidental; ele foi previamente anunciado’

Inaceitável

Antes de responsabilizar os irresponsáveis, faz-se necessário identificá-los, a luz da realidade.  

Quem? Se os proprietários das empresas de ônibus que atendiam o nosso sistema de transporte público ou se a própria prefeitura de nossa capital, ou ambos, são responsáveis pelo colapso do nosso sistema de transporte coletivo, até porque, venha de onde vier, faça-se o que precisa ser feito, esta situação não poderá perdurar, isto porque, a vida social, recreativa  e laboral de nossa população depende fundamentalmente das frotas de ônibus que atende a população da nossa capital, notadamente, daqueles que não dispõem de qualquer outra alternativa, a não ser, das suas próprias pernadas.

Pior ainda: o presente colapso não foi acidental, e sim, previamente anunciado. Sequer a máxima: é melhor prevenir do que remediar fora levado a sério, e o resultado não poderia ser outro a não ser, a paralisação do nosso sistema de transporte público.

Por prestarem um serviço fundamental, os proprietários das empresas de ônibus quando assinaram seus contratos de concessão junto a prefeitura de nossa capital comprometeram-se a não utilizar o direito de grave, da forma como utilizaram, ou seja, paralisando-o completamente, sem cumprirem as previstas seletividades.  

De outro lado, dado o clima já bastante conflituoso entre as partes, a prefeitura de nossa capital, de preferência na pessoa do prefeito Tião Bocalom, deveria ter feito o máximo para evitar o desfecho que já se sabia que seria desastroso.   

Baixar o preço das passagens nos transportes coletivos é um desejo acalentado por todos os prefeitos e de todas as nossas grandes cidades, entretanto, não basta à vontade de um determinado prefeito para vê-lo realizado, isto porque, sem expectativa  de lucros, ou mais precisamente, tendo que arcar com sucessivos e sistemáticos prejuízos, nenhuma empresa de ônibus virá se estabelecer na nossa capital, e as existentes, tendem a desaparecer.

O preço das passagens nos transportes coletivos, em qualquer cidade, não depende da vontade deste ou daquele prefeito, menos ainda dos interesses lucrativos dos proprietários das empresas que prestam os referidos serviços, e sim, da flutuação dos preços que determinam os seus custos, entre eles: o aumento de salários, dos combustíveis, de peças de reposições e da própria renovação de suas frotas, esta última, uma exigência, plenamente aceitável, e que tem como objetivo evitar que ônibus sem a mínima condição continuem trafegando.

Governar trás ônus, e não apenas bônus. Portanto, aumentar o preço dos transportes coletivos, ainda que necessário, é um dos ônus. 

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