No Dia do Fotógrafo, conheça o tarauacense que saiu do interior do AC e conquistou publicações internacionais

“De todos os meios de expressão, a fotografia é o único que fixa para sempre o instante preciso e transitório. Nós, fotógrafos, lidamos com coisas que estão continuamente desaparecendo e, uma vez desaparecidas, não há mecanismo no mundo capaz de fazê-las voltar outra vez. Não podemos revelar ou copiar uma memória”. A frase é do fotógrafo francês Cartier-Bressom e retrata o importante papel desses profissionais, que com uma câmera na mão, a sensibilidade no olhar e muito talento, eternizam momentos.

Neste 8 de janeiro é comemorado o Dia do Fotógrafo no Brasil. A data foi escolhida pois foi neste dia, em 1839, que a primeira câmera fotográfica chamada Daguerreótipo chegou ao país.

O fotógrafo profissional pode atuar em diversas áreas, com diferentes pessoas e eventos, como casamentos, formaturas e festas, de publicidade para campanhas de Marketing ou de Moda, de acontecimentos e fatos históricos, fotografias artísticas e no fotojornalismo, são as imagens que completam e enriquece um texto. São elas que prendem e materializam uma história. As imagens são capazes de fazer você leitor, se sentir parte do momento narrado nas linhas escritas por um jornalista.

É o fotógrafo que, ao capturar imagens a partir da arte de combinar luz, ângulo, profundidade e enquadramento, eterniza um momento que se perderia se deixássemos apenas por conta das lembranças.

O tarauacaense Jardy Lopes é destes profissionais. Iniciou a carreira em 2012, percorrendo todos os municípios do Acre, subindo e descendo dias em rios e visitando praticamente todas as comunidades indígenas acreanas, onde, com um olhar sensível, consegue captar os costumes do nosso povo.

Nascido em Taraucá, Jardy Lopes já percorreu praticamente todas as aldeias do Acre retratando os costumes dos nosso povos/ Foto: Arquivo pessoal

Parece clichê dizer que ele saiu de Tarauacá para o mundo, mas não é exagero. Jardy já teve seu trabalho reconhecido além das fronteiras do Acre, dentro e fora do Brasil, com a publicação de suas fotos em renomados veículos internacionais.

Com uma carreira consolidada há 10 anos, Jardy Lopes, em entrevista ao ContilNet, lembra que seu interesse pela fotografia começou quando ainda era criança. “Eu ficava curioso, quando fotógrafos de fora [de outras cidades] chegavam, ficava ali, atento, olhando as câmeras de longe e imaginando como seria estar ali, com uma câmera na mão fazendo fotos”, relembra.

Vista aérea de Rio Branco capturada por Jardy Lopes

Apesar das barreiras, já que era um jovem do interior do Acre, ele diz que as dificuldades não o impediram de continuar sonhando e persistindo para se tornar o que ele queria. “Foi muita luta, dedicação, estudo e pesquisas que fui cumulando, até que um dia eu senti que ia conseguir realizar aquele sonho. Uma pessoa de interior não é muito vista e eu tinha que, através das minhas fotografias, conquistar as pessoa e essas dificuldades me tornaram ainda mais persistente”.

A primeira grande oportunidade para aquele rapaz sonhador chegou em 2012, quando foi convidado para ser o fotógrafo oficial de uma campanha majoritária.

“Foi então que eu recebi minha primeira câmara, uma Fuji Fim e para mim, estava recebendo ali uma coisa muito importante, onde eu poderia materializar em fotografia, aquela oportunidade que eu estava recebendo. Foi um momento muito emocionante”, relatou.

Para Jardy, ser fotógrafo é dom, mas mais que isso, muito trabalho e dedicação, coisas que não lhe faltaram.

“Cada fotógrafo tem o seu olhar, nenhum vai fotografar o mesmo objeto ou a mesma cena com a mesma perspectiva. É preciso pesquisar, se atualizar, o mundo da fotografia se renova também. Uma imagem capturada por você, jamais vai se repetir”.

Das muitas histórias que colecionou, Jardy relembra de um trabalho feito na tríplice fronteira onde foi contratado por um jornal americano para registrar as queimadas. “Foi muito triste estar ali, no meio de tanto fogo consumindo nossas florestas, a cena de um senhor desesperado que pegou um balde para jogar água e ajudar a apagar aquele fogo todo me emocionou bastante. Mas são muitas histórias na fotografia e eu peço a Deus que me dê mais vida, mais coragem, mais olhar e persistência para continuar fazendo esse trabalho tão gratificante que é a fotografia”.

Um dos momentos mais marcantes da carreira de Jardy, foi a cobertura dos incêndios na tríplice fronteira/Foto: Jardy Lopes

Muitas pessoas que entram no campo da fotografia sonham em poder viver desse ofício, fazer da sua arte que é, primeiro de tudo, uma paixão, a sua profissão. “Mas, junto com tantas realizações possíveis, os desafios da fotografia não são poucos. Apesar da recente democratização da profissão, juntamente com os avanços da tecnologia, permitindo a muitos a possibilidade de explorar o mundo audiovisual, existem diversas barreiras a serem superadas, como as dificuldades em conquistar e se consolidar no mercado”, avalia Jardy.

Foto: Jardy Lopes
Foto: Jardy Lopes

Para os que estão começando agora, o fotógrafo dá alguns conselhos: “Que persistam, se dediquem, pesquisem, sejam curiosos. É preciso manter a sua simplicidade e entender que a fotografia precisa despertar a emoção das pessoas e por isso é preciso ter sensibilidade, pois ela é terapia para nossa mente, nossos olhos”.

Rio croa/Foto: Jardy Lopes
Foto: Jardy Lopes
Foto: Jardy Lopes
Rio croa/Foto: Jardy Lopes
Foto: Jardy Lopes
Rio Côa, em Cruzeiro do Sul/Foto: Jardy Lopes
Andanças pelo interior do Acre/Foto: Jardy Lopes
Foto: Jardy Lopes

 

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