Lar de pelo menos sete mil habitantes – o último censo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) por ali data de 2018, o município de Santa Rosa do Purus, localizado no centro do mapa do Acre e fazendo fronteira com o Peru, é um dos mais isolados do país. Jordão, Porto Walter, Marechal Taumathurgo são considerados os outros três municípios mais isolados do Acre, mas Santa Rosa ganha destaque porque o acesso ali só é possível por via aérea ou fluvial, com muita dificuldade.
O acesso via fluvial, na época do verão, fica praticamente impossível porque o rio Purus, que banha o município, costuma secar e, em alguns locais, forma verdadeiras ilhas que impedem o percurso de barcos de calado maior. No inverno, com o rio cheio, navegar por ali também é um aventura porque a correnteza aumentar e os balseiros e árvores arrastadas pelas águas também são um desafio. Por causa disso, já foram registradas várias ocorrências de naufrágios. Por isso, para sair do município ou acessá-lo de forma mais segura, só mesmo via aérea, em pequenas aeronaves, já que o aeroporto também não comporta pouso e decolagens de aviões maiores.
“O problema é o valor da passagem, que não sai por menos de R$ 700,00, em ida e volta”, revela o prefeito do município, Tamir de Sá (MDB), que passou a última semana em Rio Branco tentando o que parece impossível nos órgãos que fazem o controle ambiental: obter licença para a abertura de um ramal capaz de ligar Santa Rosa aos territórios de Manuel Urbano e Feijó e, a partir dali, ter acesso à BR-364. “Esse isolamento é brutal porque a gente sairia disso por um ramal de menos de 45 quilômetros, por dentro da mata. Não falo nem de construção de uma estrada, mas de um ramal de serviço. O problema é que os órgãos ambientais não dão a licença para que possamos começar a trabalhar neste sentido”, disse o prefeito.
Prefeito em terceiro mandado, Tamir de Sá também falou das dificuldades que é administrar um município com essas características de isolamento. “Tudo se torna muito difícil porque, para chegar ao município, o custo é muito alto. No período do rio seco é que fica mais caro ainda. Nesta época, com o rio tomando água, é possível a gente navegar por ali com embarcações maiores e as coisas se tornam menos difícil”, acrescentou.
Quando o rio está seco, a navegação só é permitida para barcos com capacidade de até oito toneladas de mercadorias. “Mais eu isso, não vai”, disse Tamir de Sá. “Mas é uma viagem dura. No mínimo 16 dias de viagens, da Foz do Purus a Santa Rosa”, disse.
O prefeito reclama que o poder público e a população têm dificuldade em conseguir licenças para abrir a estrada, enquanto empresas particulares, que vivem da exploração de madeira tirada da região, conseguem autorização para atuar. “Para esse particulares, que vivem da exploração de madeira, vendem facilidades. Para nós, dificuldades”, disse.
Apesar de todas as dificuldades, Tamir de Sá diz que tem prazer em morar em Santa Rosa do Purus. “Nasci e me criei naquela região e de lá não quero sair. É um lugar maravilhoso, onde as pessoas têm uma expectativa de vida tranquila, num lugar com muitas riquezas naturais, com muito peixe, muita caça, enfim, um lugar maravilhoso. Se a gente conseguisse meios de ter acesso via terrestre, aquilo ali seria o paraíso”, definiu.