O fórum Reddit tem uma seção chamada “Am I the asshole?”, que tem feito muito sucesso. Ali, os usuários postam histórias e perguntam se a maneira como eles agiram diante de certa situação foi ou não babaca. Nos últimos dias, uma história publicada por lá deu o que falar. Trata-se de uma mulher que conta que recebeu a ligação de sua irmã, que mora em outro país e com quem ela não falava há dez anos, contando que estava com um tumor no cérebro e pedindo a ela que cuidasse dos seus três filhos pequenos, caso isso acontecesse. A resposta foi “não”.
Ela explica. “Minha irmã (31 anos) foi recentemente diagnosticada com um tumor cerebral. É grande e inoperável, por causa da localização. Não sei quanto tempo de vida ela tem, mas é provável que seja pouco. Aparentemente, ela já tem alguns sintomas bem ruins. Minha irmã tem três filhos; um recém-nascido, um de dois anos e um de seis anos. Ela me pediu para cuidar deles quando ela se for. Não temos mais ninguém na família e o ex-marido dela não quer saber das crianças porque ela o traiu durante anos, com vários homens, e os filhos não são dele. Ela não sabe quem são os pais das crianças”, relata.
A mulher, que tem 25 anos e é casada com um homem da mesma idade negou o último desejo da irmã e listou os motivos:
1. Não queremos filhos e seria injusto pedir ao meu marido que faça esse tipo de sacrifício. Nós dois concordamos em não ter filhos quando nos casamos; mudar algo assim, geralmente, leva ao divórcio;
2. Sou ateia e minha irmã disse que quer que eu crie as crianças na religião e as ensine a “conhecer Deus” e que eu as leve à igreja. Não.
3. Eu moro em outro país, onde o inglês não é a primeira língua. Não posso ensinar outro idioma a uma criança de 6 anos, quando ela nem conhece o inglês direito.
4. Temos uma diferença de 6 anos de idade e nem crescemos juntas; todas as memórias que tenho dela são momentos em que ela foi horrível comigo, cínica. E depois que ela se mudou, quando fez 18 anos, não nos falamos nunca, exceto no funeral dos nossos pais. Eu não conheço nem os filhos dela e nem ela.
Ao ouvir seu último pedido negado, a irmã caiu no choro, mas a caçula ficou firme e não mudou de ideia. “É a minha vida e eu preciso ser egoísta nesse sentido. Uma criança não é um compromisso de 18 anos; é para a vida toda; e é um compromisso que decidi não ter”, argumenta.
Ela disse ainda que, depois de ter dito não, passou a receber várias ligações e mensagens de amigos da irmã dela, dizendo coisas horríveis sobre o quanto ela estava sendo egoísta e que ela deveria se prontificar, como irmã. “Eu acho que ela só está me usando para poder morrer sem se sentir culpada”, escreve.
A mulher conta ainda que se ofereceu para pagar testes de DNA, para que a irmã possa descobrir quem são os pais dos filhos dela e, assim, cobrar deles a obrigação de cuidar das crianças quando ela não estiver mais aqui, mas esse tipo de ajuda foi recusada.
“Não é porque eu quero ensinar uma lição à minha irmã/ porque eles são frutos de traição”, acrescentou, respondendo a alguns comentários que insinuavam isso. “Eu só levantei esse assunto porque sei que todo mundo ia perguntar ‘onde está o pai’. É porque minha irmã é uma estranha para mim. Eu não falava com ela há mais de 10 anos, eu nunca a conheci e nem conheci seus filhos; e eu não quero filhos. Meu marido (sim, nós conversamos sobre o assunto) iria embora. Falando realisticamente, não ia funcionar, com a renda dele, não seríamos capazes de custear as crianças, de qualquer maneira. Não quero crianças, não só porque sou egoísta, como vários de vocês sugeriram, mas porque eu tenho questões de saúde mental que jamais me deixariam ser uma boa mãe. Eu tenho TOC [Transtorno Obsessivo Compulsivo], e ‘gosto da minha casa limpa’. É um TOC no nível que eu preciso fechar a porta várias vezes, até que eu tenha certeza de que está completamente fechada, barulhos como o de uma torneira pingando me deixam louca, imagine se eu tiver um recém-nascido em casa, quando o som pode deixar você mentalmente insana; é debilitante. Minha irmã não merece morrer e os filhos dela não merecem esse destino, mas, sinceramente, o pai deles é que precisa se prontificar; não eu”, finalizou.
Embora alguns usuários do fórum a tenham criticado, a maioria a apoiou. “Só porque ela é a irmã não significa que ela é a melhor escolha. Ela é uma estranha, que mora em outro país e não quer filhos. Como alguém pode ver isso como a escolha certa? A irmã deveria tentar achar uma solução melhor e não forçar alguém a fazer isso. Não seria bom para nenhuma criança ir para um lar onde ela não é querida desde o início”, escreveu uma pessoa.
“Eu trabalhei com crianças por mais de 20 anos e posso dizer que uma das piores coisas para uma criança é estar com um pai ou mãe que não quer ser pai ou mãe. Pais que não queriam ter filhos, geralmente, acabam abusando dos filhos pelo que eles fazem ou pelo que deixam de fazer (abandonando, por exemplo)”, apontou outra.
“Uma coisa que essa moça poderia oferecer à irmã seria uma lista com os nomes de todos os maravilhosos e amigos super parceiros que mandaram mensagens e ligações com a importância de se prontificar pelos seus entes queridos, com certeza, eles agarrariam a oportunidade de cuidar dos filhos dela”, disse uma outra.
E você? O que acha dessa história? O que você faria no lugar dessa moça?