O presidente francês, Emmanuel Macron, conversou por 90 minutos com o líder russo, Vladimir Putin, e não saiu com uma boa impressão do encontro. Segundo comunicado oficial, Macron concluiu que “o pior ainda está por vir”, em relação à guerra na Ucrânia. “Não há nada que Putin tenha nos dito que nos reassegure. Ele mostrou grande determinação em prosseguir com a operação“, afirmou um assessor. O Kremlin divulgou nota que confiram “parte” das afirmações francesas.
No telefonema entre os dois presidentes, Putin continuou a afirmar o objetivo de “desnazificar” a Ucrânia. Macron, por sua vez, teria dito que o argumento não é válido e pedido para que os russos evitassem mortes de civis, assim como permitisse o acesso de ajuda humanitárias.
Pelo seu lado, Moscou confirmou parte das afirmações francesas. Segundo documento do Kremlin, Putin disse “a Rússia pretende continuar com sua rigorosa luta contra os militantes de grupos armados nacionalistas”.
Nesta quinta-feira (3/3), em pronunciamento transmitido ao vivo do Kremlin, sede do governo russo, Putin voltou a chamar os ucranianos de neonazistas e fez uma série de acusações.
“Os neonazistas usam civis como escudos e blindados em áreas residenciais”, iniciou. O líder russo completou. “Os nacionalistas não estão permitindo a retirada segura das pessoas”, disse, referindo-se aos refugiados. Mais de 1 milhão de pessoas já deixaram a Ucrânia.
“Eles são brutais e agem de forma cruel com a comunidade. Nossos soldados estão fazendo o possível para não haver vítimas”, completou.
Segundo Putin, corredores verdes – ou seja, rotas de fuga – e veículos são oferecidos em todas as zonas de combate. A criação dessas áreas foi tema de um apelo do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em uma entrevista gravada.
Putin comemorou as conquistas das suas tropas e prometeu aumentar a remuneração dos combatentes. “Eles lutam pela Rússia, pela vida pacífica em Donbass, pela desmilitarização e pela desnazificação”, frisou.
“A operação especial está saindo estritamente como o planejado e de acordo com o cronograma. Os soldados russos estão avançando na Ucrânia”, concluiu, ao pedir um minuto de silêncio pelas vítimas.
Em busca do cessar-fogo
Em meio à tensão global, representantes da Rússia e da Ucrânia negociam um acordo de cessar-fogo e a criação de “corredores verdes” para refugiados.
A reunião começou no início da tarde desta quinta-feira (3/3), pelo horário de Brasília. Este é o segundo encontro entre as delegações. Inicialmente, a conversa aconteceria na quarta-feira (2/3), mas acabou adiada. O encontro será realizado em Belarus, país acusado de facilitar a invasão e de executar ataques.
Um dos principais pontos da negociação é o estabelecimento de um armistício, ou seja, a suspensão temporária das hostilidades entre as tropas.
Horas antes do encontro para negociar um cessar-fogo, em declarações que elevaram a crise no Leste Europeu, Putin radicalizou e garantiu que as tropas da Rússia devem continuar os combates. A Ucrânia vive o oitavo dia de guerra.
Nesta quinta-feira, em pronunciamento transmitido do Kremlin, sede do governo russo, Putin alertou: “Os objetivos da operação da Rússia na Ucrânia serão alcançados em qualquer caso”, afirmou a integrantes do governo. Nos últimos dias, a Rússia falou em “guerra nuclear” em ao menos três ocasiões.
Putin ordenou que as tropas intensifiquem os bombardeios. Os ataques têm causado cada vez mais mortes e atingido grandes centros habitados.
Zelensky, em entrevista feita por um pool da imprensa internacional, admitiu que muitos civis estão morrendo ao tentar fugir do país. “Precisamos de uma corredor verde para as pessoas saírem de Kharkiv. Foram baleados carros com ucranianos fugindo”, comentou.
Ataques durariam 15 dias
Documentos sigilosos do Exército russo, divulgados pelo governo ucraniano, mostram que o plano orquestrado pelo presidente Vladimir Putin consiste em executar bombardeios por 15 dias consecutivos.
O Ministério da Defesa Ucraniano afirma que o planejamento ordenava a invasão pelo Mar Negro. O carimbo da documentação é datado de 18 de janeiro, suposta data em que a estratégia foi autorizada pela cúpula do governo russo.
Além disso, a agência de inteligência da Rússia, por intermédio do Serviço Federal de Segurança, teria elaborado planos para execuções públicas de militares ucranianos.